

Da Redação*
Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (01), o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, do Sistema Ceic-Metroclima, explicou as características da tempestade que causou destruição em Porto Alegre na noite de sexta-feira (29). De acordo com a análise técnica, formou-se uma supercélula de tempestade, que se intensificou ainda mais, gerando um downburst. Este fenômeno, que se traduz na literatura técnica nacional como “explosão atmosférica”, é uma corrente de vento descendente violenta que ao alcançar a superfície se expande de forma radial com vento destrutivo e com força até de tornado.
O calor extremo à tarde, com máximas de 39,3ºC na Capital, criou ambiente propício a tempo severo. A previsão emitida pelo Metroclima 24 horas antes alertava para “chuva localmente forte e temporais isolados de vento intenso e raios” e, uma hora antes do temporal, o Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre (Ceic) emitiu um alerta por SMS. De acordo com Nachtigall, o downburst não pode ser previsto, ele ocorre dentro da célula de tempestade. “Disparamos o alerta de uma supercélula de temporal, que causam as piores tempestades e é dentro delas que o downburst se forma. Essa corrente muito forte de ar, que se espalha em todas as direções, não pode ser prevista, ela é identificada durante o evento”, explicou. Segundo ele, apesar de dentro da normalidade climática do verão gaúcho, a última tempestade foi atípica. “Nosso verão é propício a tempestades. Mas essa foge um pouco à média pela velocidade dos ventos e longa duração, foram pelo menos 20 minutos com ventos acima de 100km/h”, afirmou, destacando que Porto Alegre ainda não havia registrado o fenômeno.
A rajada máxima medida por estação meteorológica foi de 120 km/h, no Instituto Nacional de Meteorologia no Jardim Botânico. No Aeroporto Salgado Filho, o vento máximo foi de 87 km/h. No Cais Mauá, a estação do Sistema Metroclima apontou rajadas de 98 km/h. A análise das características dos danos mostra que, em grande parte da cidade, o vento ficou ao redor dos 100 km/h e que na área mais castigada, junto à av. Praia de Belas e ao bairro Menino Deus, as rajadas tenham excedido os 150 km/h.
O fato de ter havido estragos difusos por quase toda a cidade e o vento intenso com longa duração afasta a possibilidade de tornado, já que este tipo de fenômeno determina vento extremo de curta duração (segundos a dois minutos), e em uma área muito delimitada com diâmetro de metros a três quilômetros. Vídeos da tempestade mostram ainda que o vento era extremo no sentido horizontal por vários minutos e não teve sucção (levantar objetos como carros e coberturas de postos de gasolina para cima), característica de tornado.

*Com informações da Prefeitura de Porto Alegre