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1 de fevereiro de 2016
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22:01

Meteorologista diz que fenômeno registrado em Porto Alegre na sexta não poderia ter sido previsto

Por
Sul 21
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Meteorologista diz que fenômeno registrado em Porto Alegre na sexta não poderia ter sido previsto
Meteorologista diz que fenômeno registrado em Porto Alegre na sexta não poderia ter sido previsto
(Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Posto de gasolina destruído na Borges de Medeiros (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Da Redação*

Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (01), o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, do Sistema Ceic-Metroclima, explicou as características da tempestade que causou destruição em Porto Alegre na noite de sexta-feira (29). De acordo com a análise técnica, formou-se uma supercélula de tempestade, que se intensificou ainda mais, gerando um downburst. Este fenômeno, que se traduz na literatura técnica nacional como “explosão atmosférica”, é uma corrente de vento descendente violenta que ao alcançar a superfície se expande de forma radial com vento destrutivo e com força até de tornado.

O calor extremo à tarde, com máximas de 39,3ºC na Capital, criou ambiente propício a tempo severo. A previsão emitida pelo Metroclima 24 horas antes alertava para “chuva localmente forte e temporais isolados de vento intenso e raios” e, uma hora antes do temporal, o Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre (Ceic) emitiu um alerta por SMS. De acordo com Nachtigall, o downburst não pode ser previsto, ele ocorre dentro da célula de tempestade. “Disparamos o alerta de uma supercélula de temporal, que causam as piores tempestades e é dentro delas que o downburst se forma. Essa corrente muito forte de ar, que se espalha em todas as direções, não pode ser prevista, ela é identificada durante o evento”, explicou. Segundo ele, apesar de dentro da normalidade climática do verão gaúcho, a última tempestade foi atípica. “Nosso verão é propício a tempestades. Mas essa foge um pouco à média pela velocidade dos ventos e longa duração, foram pelo menos 20 minutos com ventos acima de 100km/h”, afirmou, destacando que Porto Alegre ainda não havia registrado o fenômeno.

A rajada máxima medida por estação meteorológica foi de 120 km/h, no Instituto Nacional de Meteorologia no Jardim Botânico. No Aeroporto Salgado Filho, o vento máximo foi de 87 km/h. No Cais Mauá, a estação do Sistema Metroclima apontou rajadas de 98 km/h. A análise das características dos danos mostra que, em grande parte da cidade, o vento ficou ao redor dos 100 km/h e que na área mais castigada, junto à av. Praia de Belas e ao bairro Menino Deus, as rajadas tenham excedido os 150 km/h.

O fato de ter havido estragos difusos por quase toda a cidade e o vento intenso com longa duração afasta a possibilidade de tornado, já que este tipo de fenômeno determina vento extremo de curta duração (segundos a dois minutos), e em uma área muito delimitada com diâmetro de metros a três quilômetros. Vídeos da tempestade mostram ainda que o vento era extremo no sentido horizontal por vários minutos e não teve sucção (levantar objetos como carros e coberturas de postos de gasolina para cima), característica de tornado.

Bairros mais afetados pela falta de energia são: Centro, Menino Deus, Cidade Baixa, Petrópolis, Bonfim, Floresta, Rubem Berta, Auxiliadora, Rio Branco, São João, Azenha, Bela Vista, Farroupilha, Independência e Ilhas. (Foto: Kaline Salgado)
Bairros mais afetados pela falta de energia são: Centro, Menino Deus, Cidade Baixa, Petrópolis, Bonfim, Floresta, Rubem Berta, Auxiliadora, Rio Branco, São João, Azenha, Bela Vista, Farroupilha, Independência e Ilhas. (Foto: Kaline Salgado)

*Com informações da Prefeitura de Porto Alegre

 


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