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21 de novembro de 2015
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11:24

Marchas de 20 de novembro em Porto Alegre pedem fim da violência contra população negra

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto

Vinte de novembro de 1695 é a data da morte de Zumbi, último líder do Quilombo dos Palmares, o maior do período colonial. Centenas de anos depois, a data marca o Dia da Consciência Negra, momento em que a população negra anualmente realiza protestos e marchas para reivindicar avanços de direitos. Segundo a Anistia Internacional, são mais de 30 mil jovens negros mortos por ano, em muito casos vítimas de ações policiais. A crítica a esse alto índice foi uma das principais reivindicações das duas marchas que ocorreram em Porto Alegre nesta sexta-feira (20).

A IX Marcha Estadual Zumbi dos Palmares, evento oficial, saiu do Largo Glênio Peres e terminou no Largo Zumbi dos Palmares. Já a Segunda Marcha Independente Zumbi Dandara teve concentração na Praça Garibaldi e foi até a Esquina Democrática. Enquanto a oficial contou com a participação de diversos deputados, vereadores e políticos em geral, a “alternativa” fez críticas a políticas do governo federal e do Congresso.

Sambódromo na Borges

Às 18h, o ato começou no Largo Glênio Peres, com falas de diversas entidades. No local, algumas pessoas usavam roupas típicas de povos africanos e representativa de religiões de matriz africana. Participaram diversos políticos, tanto brancos quanto negros, entre eles o vereador Engenheiro Comassetto (PT), a deputada Maria do Rosário (PT) e a vereadora Séfora Mota (PRB) e Delegado Cleiton (PDT). Quando a marcha iniciou, a Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Negros, da Assembleia Legislativa, estava representada na faixa que abria o ato.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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A marcha contou com a presença da Anistia Internacional, da Central Única dos Trabalhadores, Fundação Palmares, Conselho Municipal das Mulheres Negras (Condim), Associação Cultural de Mulheres Negras (Acmun). “Nós estamos marchando pela morte de mulheres negras por aborto clandestino, pela morte de jovens negros pela polícia. Povo negro quer empoderamento social e político”, disse Vera Daisy Barcellos, do Condim.

Além da marcha regular, um dos maiores destaques do ato foi a presença da escola de samba Estado Maior da Restinga, que transformou a Avenida Borges de Medeiros em um legítimo sambódromo. Enquanto os sambistas performavam seu desfile, um grupo de mulheres cantava “Dandara vive, Dandara viverá, mulheres negras não param de lutar”, em alusão à guerreira negra Dandara dos Palmares, companheira de Zumbi. Paralelamente, um grupo jogava capoeira, o que fez com que o protesto, embora reunisse centenas de pessoas, ficasse fragmentado.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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O Largo Glênio Peres não foi escolhido por acaso: o Mercado Público faz parte dos caminhos invisíveis dos negros em Porto Alegre, e sua importância deve-se a preservação e culto ao Orixá Bará Agelu Olodiá, em uma escultura horizontal no chão do prédio. Já o fim do protesto foi no outro Largo, que carrega o nome de Zumbi, onde teve seguimento a programação oficial da cidade, com shows e atos culturais.

Ato independente 

Já o ato que saiu da Praça Garibaldi seguiu pela Avenida Venâncio Aires, João Pessoa, chegando à José do Patrocínio, onde passou pelos outros militantes. Apesar das reivindicações separadas, os ativistas aplaudiram a marcha paralela ao se encontrarem. Com um tom mais politizado, na marcha independente ouvia-se “não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar”, “O Amarildo tem mais mil, quero o fim da Polícia no Brasil”. Na frente, uma grande faixa pedia o fim do genocídio do povo negro.

 Foto: Guilherme Santos/Sul21
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O ato foi organizado por diversas entidades: Frente Gaúcha Contra a Redução da Maioridade Penal, Frente Quilombola, Quilombo Raça e Classe, Movimento de Mulheres em Luta, Primavera, Juntos, Associação de Moradores MEM-Mapa, Ilê de Oxum, Coletivo Negração, Alicerce, Movimento da População de Rua, Sindppd, Sindisprev, Sindicaixa, Federação Anarquista Gaúcha, Quilombo dos Machados, Comunidade 7 de Setembro, Associação Nacional de Estudantes Livre (Anel).

A divisão se deve pelo fato de estes movimentos acreditarem que ainda há muito a avançar em termos de políticas governamentais. “Aquela marcha tem muita ligação com o governo federal, e nós somos contra algumas políticas, como a presença de tropas no Haiti e a invasão do Exército nas favelas cariocas, por exemplo. Achamos que o programa não dá garantiras para o povo negro”, explicou Guly Marchant, do coletivo Juntos. Em frente ao Largo Zumbi, o Ilê de Oxum realizou um ato cultural com música e dança. Depois, a marcha seguiu pela Borges de Medeiros até a Esquina Democrática, também chamada pelos movimentos negros de Esquina do Zaire.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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Feriado

Em diversas cidades brasileiras, a data já é feriado. Em Porto Alegre, a aprovação na Câmara de Vereadores foi envolta em polêmica: uma emenda sugere que o feriado seja no terceiro domingo do mês de novembro, e não especificamente dia 20. Inicialmente aprovada, mas criticada pelo movimento negro, a emenda agora será votada novamente, a partir de pedido do PSOL.

Veja mais fotos:

20/11/2015 - Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra parte do largo glenio peres até o zumbi dos palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra parte do largo glenio peres até o zumbi dos palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra parte do largo glenio peres até o zumbi dos palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra parte do Largo Glênio Peres até o Zumbi dos Palmares. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 - Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Foto: Guilherme Santos/Sul21
20/11/2015 – Marcha da consciência negra que partiu da praça Garibaldi. Foto: Guilherme Santos/Sul21


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