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8 de agosto de 2015
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17:02

Praça no Centro da Capital vira ponto de encontro dos ‘Amigos Cachorreiros’

Por
Sul 21
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Em abril deste ano, moradores dos arredores da Praça Brigadeiro Sampaio que passeavam com seus cães formaram o grupo "Amigos Cachorreiros|Foto: Guilherme Santos/Sul21
Em abril deste ano, moradores dos arredores da Praça Brigadeiro Sampaio formaram o grupo “Amigos Cachorreiros|Foto: Guilherme Santos/Sul21

Jaqueline Silveira 

Os cachorros Duque, Gaspar, Thor, Nico e Zigue são habituais frequentadores da Praça Brigadeiro Sampaio, uma das mais tradicionais do centro da Capital. No local, correm, brincam e até se desentendem em meio a algumas rusgas, mas nada demais. Todos se sentem muito à vontade no lugar. Eles e outros cães são responsáveis pela formação de uma família maior: o grupo Amigos Cachorreiros, criado em abril deste ano.

Diariamente, moradores dos arredores da praça passeiam com seus cães por ali. E foi a partir desses encontros que o empresário Leandro Trindade, dono do Thor, teve a ideia de criar o grupo, que hoje tem entre 12 e 14 participantes. “A gente se uniu através deles, a gente se fala todo dia, se encontra na Praça, manda whatsapp avisando que está descendo (para a praça)”, conta Trindade, sobre a relação dos integrantes do grupo e seus animais de estimação. No entanto, o convívio entre animais e humanos na Brigadeiro Sampaio está ameaçado. A praça está entre os locais que devem sofrer mudanças com a derrubada de 15 árvores e a construção de uma elevada  para a revitalização do Cais Mauá. No último domingo (2), foi realizada uma audiência pública no local para discutir com a comunidade o projeto polêmico.

Dono do Thor, o empresário Leandro Trindade foi o autor da iniciativa|Foto: Guilherme Santos/Sul21
Dono do Thor, o empresário Leandro Trindade foi o autor da iniciativa|Foto: Guilherme Santos/Sul21

Espaço de convivência

Desde a formação dos Amigos Cahorreiros, o grupo, além das caminhadas durante a semana, encontra-se quase todos os finais de semana na Brigadeiro Sampaio para fazer churrasco e carreteiro. Nos dias mais frios do ano, os integrantes se reuniam para tomar um bom vinho. “A gente traz queijo e salame, montamos uma mesa”, comenta o empresário.

A Praça atrai até que não mora nas imediações. A contadora Márcia Brender Machado, por exemplo, vem da Avenida Cristóvão Colombo passear com seu Gaspar na Brigadeiro. “Aqui é mais seguro. Onde eu moro, não consigo sair, estão roubando os cachorrinhos”, justifica ela, acrescentando que conheceu o grupo por meio de um familiar.

Cachorreiro sem cachorro

No grupo, há também quem não tem cachorro. O pintor Márcio Machado morou por um tempo na Brigadeiro Sampaio, quando convivia com os cachorreiros e até cuidava dos cães. Ele ganhou uma oportunidade do responsável pela iniciativa do grupo, que é proprietário de uma empresa de reforma e construção, saiu da rua e virou pintor. Hoje, é um dos integrantes dos Amigos Cachorreiros e não esconde o orgulho. “Eu não tenho nenhum, mas sou dono de todos”, conta Machado, enquanto acaricia os cachorros e é correspondido. “Estou procurando uma casa para que eu possa ter um”, completa o pintor, sobre um espaço adequado para ter seu próprio cão. Por enquanto, Machado continuará dando carinho aos cachorros dos amigos, inclusive já ficou com a tarefa de cuidá-los quando alguns deles viajam.

Mas o grupo não só passeia com os cães e faz confraternização. Eles também ajudam cachorros abandonados na Praça, o que, segundo os integrantes dos Amigos Cachorreiros, é comum. Eles dão comida e até encontram um dono para os cães. “A gente dá ração, água”, diz Leandro. Isso quando nenhum dos Amigos Cachorreiros os adota. O Nico, por exemplo, arrumou um dono na própria Brigadeiro, quando foi encontrado pelo filho do técnico mecânico André Vicente Brassiani Ramos, que o adotou. “Ele foi abandonado ainda filhote, ele me adotou de pai e agora ele é a minha sombra”, destaca Ramos, feliz da vida com seu cão. Há poucos dias, ele encontrou também uma cadelinha e deu a uma moradora dos arredores, cujo cão havia morrido.

Ao finais de semana, o grupo costuma confraternizar com um bom churrasco |Leandro Trindade/Arquivo pessoal
Ao finais de semana, o grupo costuma confraternizar com um bom churrasco ao lado dos animais de estimação |Leandro Trindade/Arquivo pessoal

Cão obediente

Entre os cachorreiros, não faltam elogios aos animais de estimação, que uniram o grupo. Zigue é considerado o mais obediente. “Ele obedece sim, vem sem a guia, chega na sinaleira e espera, não anda no meio da rua”, ressalta, orgulhosa, sua dona, Cristiana Oliveira Pires, que divide com o marido e os dois filhos a tarefa de levar o animal para os passeios na Brigadeiro Sampaio.

E foi graças a esses amigos de quatro patas que seus donos ganharam novos amigos. “O grupo uniu muitas pessoas solitárias”, opina Márcia. “Para mim que não saia de dentro de casa, foi maravilhoso! É um grupo muito unido, que troca ideia”, emenda a securitária Élida Silva de Souza, enquanto segurava seu Duque.

Como frequentadores habituais da Praça Brigadeiro Sampaio, os integrantes do grupo estão preocupados com os possíveis impactos das obras de revitalização do Cais, que devem começar em 2016. Querem a preservação do “pulmão” da região e também da ampla área para que seus cães de estimação continuem com um espaço para correrem livres.

Confira mais fotos:

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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Em dias de semana, os donos costumam levar os cachorros no anoitecer para passear|Foto: Guilherme Santos/Sul21
Em dias de semana, os donos costumam levar os cachorros no anoitecer para passear|Foto: Guilherme Santos/Sul21
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