
Débora Fogliatto
Representantes de motoristas e cobradores, de três consórcios de ônibus, da Brigada Militar e da Polícia Civil reuniram-se nesta quinta-feira (10), na Câmara de Vereadores com a vereadora Sofia Cavedon (PT) para debater segurança no transporte público de Porto Alegre. No encontro do Fórum do Transporte Seguro, funcionários contaram situações de assaltos e insegurança e foram apresentadas propostas, especialmente a utilização de tecnologias como ferramenta para coibir crimes e identificar assaltantes.
De acordo com os dados fornecidos na reunião, a Carris sofreu 20 assaltos no mês de junho, enquanto na Conorte foram dez e na Unibus, 13. A Unibus também informou que já sofreu quatro assaltos em julho. Rangel de Luz Aurélio, da Conorte, afirmou que a empresa também percebeu grande número de assalto nos terminais, locais de embarque e desembarque, mas destacou que ainda não houve assaltos em julho nas linhas da zona norte.
Já nos assaltos da Unibus, há um padrão que se segue de assaltos na área das avenidas Saturnino de Brito e Protásio Alves. Na Carris, as principais linhas afetadas são T4, T6, T8 e T10. “Faz uns oito anos que temos essa preocupação e começamos a tratar com a BM, mas não verificamos eficácia na investigação”, disse Eduardo Morales Júnior, observando ser necessária maior participação da Polícia Civil. Ele observou também que dos 20 assaltos, 16 foram nos mesmos três pontos ou em áreas próximas.
A vereadora Sofia Cavedon, que convocou o encontro, apontou que a STS, que funciona na zona sul da capital, trabalha de forma integrada com a Polícia Civil. O delegado Paulo César Jardim também mencionou a integração que acontece entre policiais, Brigada Militar e funcionários na zona sul. “Mas acho muito cômodo as empresas cobrarem da Polícia e não darem segurança para os funcionários”, falou, dizendo que cobradores e motoristas raramente iam nas delegacias identificar os assaltantes. “As empresas precisam se responsabilizar pela tranquilidade dos cobradores. Precisam contratar um advogado e irem junto, com um representante, até a delegacia”, colocou.

Por outro lado, a Brigada e os funcionários apontaram que a Polícia Civil demora muito para realizar boletins de ocorrência, o que foi confirmado por Jardim, que no entanto disse que não há como acelerar o processo, especialmente por falta de pessoal para atender as demandas. “Precisamos que os funcionários não sejam expostos quando realizam identificação de assaltantes, precisamos que eles fiquem seguros”, disse Morales.
A vereadora então trouxe à tona o assunto das câmeras, que todos apontaram como uma maneira de fornecer maior segurança para os trabalhadores. A Brigada Militar apontou que já existem tecnologias de rastreamento que podem colaborar nesse sentido.
A EPTC afirmou que está trazendo critérios e discussão sobre isso, mas Sofia lembrou da importância de isso estar contido no edital da licitação do transporte. O delegado Jardim apontou, no entanto, que os custos das câmera e de sua manutenção são altos.
Outras alternativas foram propostas, como a realização de barreiras policiais e possíveis formas de se avisar à polícia durante os assaltos. A existência de um botão de pânico integrado ao sistema Tri, que pudesse comunicar sobre o crime, também foi sugerida.
A vereadora Sofia propôs que, para a próxima reunião do Fórum, estejam presentes também a STS, a Associação de Transportadores de Passageiros (ATP) o Ministério Público e o Judiciário, para que as demands sejam ouvidas de forma unificada. Os encontros já tinham sido realizados entre as empresas, funcionários e Brigada Militar, mas a Polícia Civil participou pela primeira vez.
“A Brigada encaminhou a necessidade de fortalecimento deste Fórum do Transporte Seguro, que já existe há oito anos, então a participação da Câmara coloca um peso nisso. De novo teve um assalto agudo na região leste no início desse ano e nós retomamos, vimos a dificuldade da BM de ter respostas objetivas da Polícia Civil”, apontou Sofia. O próximo encontro acontecerá no dia 7 de agosto.