
Débora Fogliatto
Moradores e apoiadores da Ocupação Saraí realizaram, nesta sexta-feira (23) à noite, um Largo Vivo para demonstrar apoio às pessoas que vivem no prédio localizado na esquina da Caldas Júnior com a Mauá. As famílias que ocupam o prédio há cerca de oito meses precisam que o governador Tarso Genro (PT) assine um decreto de desapropriação do imóvel para uso social.
Após tentativas de negociar com o proprietário, com a ajuda do secretário de Habitação do Estado, Marcel Frison, a desapropriação é o único meio que pode permitir sua permanência. Os proprietários do prédio, a família DeConto da Risa Administração LTDA, entrou com um processo de reintegração de posse, dando 60 dias para que o imóvel fosse desocupado. Por isso, as famílias temem ser retiradas à força de lá.
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O Largo Vivo e a Saraí têm aspectos em comum: ambos surgem num contexto de expansão das privatizações e especulação imobiliária e defendem a revitalização do centro e sua ocupação por pessoas. O Largo surgiu no final de 2011, reivindicando a ocupação de espaços públicos e sua não-privatização. Realizado periodicamente na cidade, aproximadamente a cada 15 dias, o evento reuniu uma multidão que lotou o Largo Glênio Peres, ao lado do Mercado Público de Porto Alegre, apesar do frio de 11 graus que atingia a cidade.

Com organização autônoma, o Largo foi dessa vez realizado para ajudar a pressionar o governo do Estado a assinar o decreto. No local, para conscientizar as pessoas da situação, havia uma “linha do tempo” com a história da Ocupação, desenhos feitos pelas crianças que moram no prédio, serigrafia em camisetas e um varal de fotos da Saraí. Por volta das 20h30, foi realizada uma roda de conversa sobre ocupações, que contou com a presença também de membros da ocupação Casa Rosa, uma das mais antigas da cidade. Localizada na esquina da Farrapos com a Voluntários, seus moradores trabalham em geral com reciclagem, em um galpão que existe junto às suas moradias.
Os frequentadores do Largo também puderam tirar uma foto segurando cartazes em apoio à Ocupação Saraí, que depois serão compilados na página do Facebook, como forma de campanha online. A campanha pela permanência das famílias só cresce, fazendo a Saraí se tornar um símbolo da luta pela moradia na cidade. “Isso é maior do que só a Saraí, isso é sobre que tipo de cidade nós queremos”, resumiu Ceniriani Vargas, a Ni, coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), durante a roda de conversa.
Confira o vídeo realizado em apoio à Saraí:
Confira mais fotos do Largo Vivo:










