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17 de março de 2014
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16:48

Porto Alegre recebe evento internacional de grafite

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Por Ramiro Furquim/Sul21
Porto Alegre recebeu pela primeira vez o Meeting of Styles, que reuniu 60 grafiteiros do mundo todo em um trabalho coletivo exposto no túnel da Conceição. | Por Ramiro Furquim/Sul21

Fernanda Morena

Se o renomado artista Banksy tivesse sido proibido de espalhar seu grafite por todos os cantos do mundo, talvez a arte de rua revelada em seu trabalho com estêncil e tomado de crítica social não tivesse a dimensão que tem hoje. O mesmo não ocorreu com Manuel Gerulius, o Manu. A Alemanha do final da década de 1990 reprimiu fortemente suas intervenções artísticas na cidade de Wiesbaden, sua terra natal; Manu foi preso e julgado por “vandalismo”. “Se vocês não querem a minha arte, vou enfiar arte de todo mundo goela abaixo”, ele reconta. Assim surgiu o Meeting of Styles (M.O.S.), um evento que reúne, anualmente, grafiteiros internacionais e viaja pelo globo fazendo intervenções nas cidades onde é realizado – ato que Porto Alegre recebeu nesse sábado (15) pela primeira vez.

A 17a edição do Meeting of Styles – o encontro de estilos, em tradução livre – foi trazido a Porto Alegre pelo Instituto Trocando Ideias, uma organização não-governamental que, desde 1999, visa à disseminação da arte de rua na capital gaúcha. “Trabalhamos com eventos de tecnologia social por meio da cultura jovem de rua, e dede 2005 usamos o grafite em Porto Alegre”, conta Fabiana Menini, uma das fundadoras do grupo.

Por Ramiro Furquim/Sul21
Lucas NCL, curador do evento, foi o responsável por garantir o M.O.S. no calendário portoa-legrense. A cidade poderá ser o ponto fixo do projeto daqui para frente. | Por Ramiro Furquim/Sul21

Não é a primeira vez que o Meeting of Styles vem ao Brasil, mas tudo indica que agora ele encontrou uma casa para receber os grafiteiros anualmente. Em 2006 esteve no Rio de Janeiro, porém problemas com a produção afastaram o projeto de Manu do país. Foi ao encontrar o artista Lucas NCL na Alemanha em junho do ano passado que Manu vislumbrou o retorno da rede ao Brasil. “Fui recebido pelo Manu quando cheguei à Alemanha para integrar o M.O.S., e uma amizade surgiu. Depois, fizemos uma turnê pela Europa, e ele perguntou se eu queria fazer o projeto em Porto Alegre. Eu pensei ‘por que não’?”, lembra Lucas, que assumiu a curadoria do evento em Porto Alegre.

Foi pensando no tema para este ano, Causa e Efeito, que Lucas selecionou 60 artistas do Brasil e do resto do mundo para criar painéis de 5m x 4m dentro do túnel da Conceição, que liga a rodoviária da cidade à rua Osvaldo Aranha. Os trabalhos ficarão expostos o ano todo. A criação dentro do tema é livre: “Os grafiteiros ficam inteiramente livres para fazerem o que quiserem”, garante o curador. Ele, grafiteiro há 15 anos, ficou sem um mural no viaduto Conceição. “Quando eu pinto, gosto de me concentrar. E como eu ia ficar na organização, decidi não pintar neste ano.”

Concepção do projeto em Porto Alegre

Por Ramiro Furquim/Sul21
Fabiana Menini, do Instituto Trocando Ideias, trabalha com ações em grafite na capital gaúcha desde 2005. | Por Ramiro Furquim/Sul21

Fabiana diz não ter sido difícil convencer a prefeitura de Porto Alegre, apoiadora do evento, de embarcar na visão de Manu: “Demos o ouro para eles”. E não é exagero da produtora, que realizou uma intervenção semelhante em três carros do Trensurb porto-alegrense em 2005 com Os Gêmeos, dupla paulista reconhecida internacionalmente como definidor de um estilo de grafite brasileiro. O projeto rendeu um prêmio à intervenção dado pela ONU.

Quando Lucas se aproximou do Instituto com a ideia de trazer o M.O.S. para Porto Alegre, o grupo buscou o apoio do governo municipal, que ajudou a definir o ato. “Eles queriam que fizéssemos os trens de novo, e nós queríamos nos superar”, afirma Fabiana. A opção do túnel foi então uma “saída” para o projeto. “O espaço é grande, pode reunir todos os artistas, dá mais visibilidade. E é uma importante entrada da cidade.”

Para Manu, voltar ao Brasil é já uma vitória. “A arte aqui é criativa, inovadora e, ao mesmo tempo, tem muita influência local, a imagem da natureza é tão presente quanto a da realidade social”, avalia. O artista percebe a influência da cultura multirracial brasileira como uma realização do que o Meeting of Styles representa: “É como a Europa, cheia de influências diferentes, só que mais sujo, mais real. E Porto Alegre é uma cidade relaxada, tranquila”.

Como um artista por vezes comissionado – trabalhos que lhe garantem o sustento -, Manu aproveitou a liberdade poética de ser um dos grafiteiros trazidos a Porto Alegre para trabalhar com grafismo, sua especialização. “Fazer trabalhos publicitários é o que me dá dinheiro, mas não liberdade”, afirma.

Sobre a intervenção na capital gaúcha, Manu conta que a trajetória segue como nos demais encontros do M.O.S. pelo mundo. “Não há regras, apenas uma vontade de mostrar que grafite é arte, e não vandalismo”, declara o artista.

O M.O.S. segue em mais 25 apresentações neste ano até novembro, passando por outros 20 países. Entre eles, China, Grécia, Tailândia, Filipinas, Estados Unidos, Itália e Alemanha.

Confira as imagens do evento.

Por Ramiro Furquim/Sul21
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