

Da Redação
Após a assembleia de rodoviários que optou por rejeitar a proposta patronal e manter a greve, na manhã desta terça-feira (4), o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) lançou nota afirmando que irá tomar “medidas legais”. O Seopa considera que fez uma “excelente proposta” ao sugerir reajuste de 7,5%, vale-alimentação de R$ 19 e e contrapartida de R$ 10 no plano de saúde na reunião realizada na segunda-feira (3).
As empresas afirmam que a greve é ilegal e, portanto, será solicitado o reforço da Brigada Militar para que “haja condições de operação para os trabalhadores que desejam realizar suas atividades”. Além disso, a nota esclarece que os dias de greve serão descontados dos funcionários — contrariando uma das reivindicações dos grevistas para encerrar a paralisação — e que demissões podem acontecer. Para a Seopa, a proposta oferecida “resultaria em grande impacto nos custos das empresas, mas mesmo assim o empenho ocorreu na tentativa de acabar com os transtornos provocados nesses nove dias de paralisação”.
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Desembargadora pede nova mediação para hoje

Na reunião realizada na tarde de hoje entre os rodoviários e a desembargadora Ana Luíza Kruse, solicitada por ela após a assembleia, a categoria se mostrou disposta a voltar a negociar com as empresas. A desembargadora tenta agendar uma audiência com as duas partes ainda para esta terça-feira, mas os trabalhadores demonstram não acreditar que isso será possível. “Agora aguardamos que ela faça contato com a patronal e veja a disposição deles, mas pelos relatos que tenho ouvido em garagens, acho pouco provável que eles venham hoje. Vamos continuar aguardando aqui e pensando que eles possam vir hoje ou amanhã”, disse Alceu Webber, da comissão de negociação, em entrevista à imprensa após a reunião.
“Nos preocupa de certa forma que daqui a pouco isso mude de patamar e a gente perca as rédeas. Hoje os ânimos estão no intuito de construir um caminho, só que foi uma série de falhas anteriores, por parte dos empresários e da prefeitura, interrompendo o processo de acordo entre as partes”, criticou Webber. O discurso do rodoviário foi mais moderado do que na assembleia que aconteceu pela manhã, quando a categoria optou por não abrir mão das pautas principais. Na ocasião, os trabalhadores disseram que exigiriam os 14% de reajuste, enquanto Webber agora afirmou que, embora o valor atualmente defendido seja este, isso “dependerá do contexto das negociações”.
Prefeitura propõe alternativas
A EPTC pediu para que a Metroplan permita que os ônibus da região metropolitana levem passageiros da capital no perímetro em que circulam dentro da cidade. Além disso, foi autorizado pela Marinha o uso de três barcos fazendo o trajeto da Ilha da Pintada até a Usina do Gasômetro, das 13h às 20h, e a prefeitura avalia se será possível usar o Catamarã para atender a zona sul da capital. As vans escolares, agora operando com o valor de R$ 4, continuam transportando passageiros, com 70% do total de 617 já circulando.
Confira na íntegra a nota da SEOPA :
Sobre a decisão dos rodoviários de manter uma greve ilegal, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) informa que solicitará reforço da Brigada Militar a todas as esferas competentes – Secretaria de Segurança, Prefeitura Municipal e Tribunal Regional do Trabalho – para que haja condições de operação para os trabalhadores que desejam realizar suas atividades. O Seopa declara também que, em função da ilegalidade do movimento e do não cumprimento de mais um acordo firmado no TRT, as empresas se veem obrigadas a retomar medidas legais de penalização. Os dias parados serão descontados dos funcionários, sendo que esse item passou a ser inegociável, e possíveis demissões poderão acontecer, de acordo com o que permite a lei de greve. A entidade decidiu ainda encaminhar o ajuizamento do dissídio coletivo, partindo de sua oferta inicial de reajuste dos salários pelo INPC.
O Seopa tem convicção de que fez uma excelente proposta. Comprovação disso é que se o acordo fosse aceito, os rodoviários de Porto Alegre teriam o maior salário da categoria no país. Além disso, o sindicato destaca que cedeu a todos os pontos colocados em discussão no TRT para que se pudesse chegar definitivamente ao término da greve. A entidade concentrou os esforços para atender as três principais reivindicações dos rodoviários, eleitas por eles mesmos como prioritárias: reajuste no salário e no vale-alimentação e permanência do subsídio do plano de saúde. O Seopa aceitou ainda a circulação de 70% da frota, abrindo mão da sua principal exigência que era a operação integral do serviço. Por fim, a entidade reitera que a proposta oferecida resultaria em grande impacto nos custos das empresas, mas mesmo assim o empenho ocorreu na tentativa de acabar com os transtornos provocados nesses nove dias de paralisação.