
Débora Fogliatto
Atualizada às 14h28min
Em assembleia realizada nesta terça-feira (4) pela manhã no Ginásio Tesourinha, os rodoviários rejeitaram a proposta de acordo que foi apresentada ontem pela patronal na reunião no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Deste modo, a greve dos ônibus seguirá em Porto Alegre. Com isso, a paralisação, que está em seu nono dia, segue sem prazo para terminar.
Antes mesmo da assembleia, os rodoviários já indicavam a rejeição da proposta, reunidos na frente do local entoando gritos como “Porto Alegre parou, a Conorte parou, STS parou, Unibus parou, a Carris parou”, citando as empresas de ônibus da capital. No acordo firmado no TRT, a patronal propôs reajuste de 7,5% à categoria, vale-alimentação de R$ 19 e contrapartida de R$ 10 no plano de saúde. Na assembleia, que reuniu 1250 trabalhadores, os rodoviários optaram por votar as propostas separadamente e concordaram com apenas um dos itens: o vale-alimentação. Alceu Webber, da comissão de negociação dos rodoviários, iniciou assembleia colocando aos colegas: “Os senhores que vão decidir os rumos que devemos tomar”, ao que se seguiu gritos coletivos de “Greve! Greve! Greve!”.
Os 7,5% propostos não contemplaram os desejos da categoria, que considera os 14% de reajuste uma das principais pautas, juntamente com a redução da jornada de trabalho para seis horas diárias e o fim do banco de horas. “Na primeira assembleia, pedimos 30% de aumento. Já abrimos mão e reduzimos para 14%. Essa é a proposta que não vamos abrir mão, e precisamos dizer isso para o judiciário, mostrar para eles que goela abaixo não vamos aceitar”, disse Luis Afonso Martins, seguido pela multidão que entoava “Não, sete e meio não” e “Seis horas já”.

Alceu Webber propôs uma lista de itens para serem reivindicados, começando pelo reajuste salarial. As principais pautas que seguem são: plano de saúde hospitalar para os trabalhadores e seus dependentes; participação nos lucros da empresa; ganho real de 5%; 30% de insalubridade; pagamento nos dias 15 e 30 do mês, em todas as garagens; vale-cultura no valor de R$ 600 ao ano; cesta básica mensal nível 4 do SESI; auxílio-creche no valor de R$ 390 por funcionário, independente do sexo; comissão de representantes dos trabalhadores em todas as garagens; licença remunerada para exames escolares, acompanhamento de internação, depoimento judicial e assiduidade; licença-maternidade de 180 dias para as mulheres, conforme a lei federal; escala informada com no mínimo 11 horas de antecedência durante a semana e dois dias de antecedência nos finais de semana e feriados; a mudança da data-base para 1º de maio; vale-alimentação nas férias; remuneração dos dias paralisados.
Ao final da assembleia, os rodoviários decidiram seguir em marcha até o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), onde foi realizada a reunião de ontem. Lá, a proposta é que fiquem em vigília por 24 horas e sigam mobilizados. “Lá se dará o norte da nossa situação. Foi lá que iniciou, lá que vai terminar”, afirmou Webber. A desembargadora Ana Luiza Kruse, que conduziu a reunião de ontem, também foi criticada na assembleia. “Ela que vá trabalhar com o salário safado que eles estão propondo”, disse Luis Afonso.

Não há previsão de fim da greve, que deve continuar até que um novo acordo seja proposto. “Não consideramos essa última proposta negativa, mas vamos continuar mobilizados até que haja um aceno mais positivo do que tem sido. Nesse caso, vai ser levado a assembleia de novo”, declarou Alceu Webber. Ele também criticou a decisão da prefeitura em colocar o preço das vans escolares o equivalente às lotações. “Concordo com a medida, mas a população está pagando a passagem mais caro. Acho um absurdo o prefeito dizer que quer resolver e colocar o preço a R$ 4,20”, afirmou. Após a assembleia, a EPTC definiu pela continuidade do serviço de lotações, também nos corredores, e vans escolares, agora com tarifa a R$ 4.
Com a rejeição do acordo, voltam a ter eficácia a liminar que declarou a ilegalidade da greve, autorizando as empresas a descontar os dias parados dos empregados, e a que determinou a manutenção de 70% de circulação dos ônibus nos horários de pico e de 30% no restante dia, sob pena de multa diária – que aumentou de R$ 50 mil para R$ 100 mil na última sexta-feira. Até o momento, já foram aplicadas duas multas aos rodoviários: uma de R$ 100 mil, referente aos dias 28 e 29 de janeiro, e outra de R$ 150 mil, correspondentes a 30 e 31 de janeiro. A desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, vice-presidente do do TRT-RS, marcou uma reunião com o Comando de Greve e a direção do Sindicato dos Rodoviários para as 14h30min.
Com informações do TRT
Confira mais fotos da assembleia e da passeata:









