
Débora Fogliatto
Estudantes, professores e servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se reuniram na tarde desta quinta-feira (17) para lançar a Frente Universitária em Defesa da Democracia e da Legalidade. Inicialmente previsto para acontecer no Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia (Daeca), o encontro foi transferido para o pátio da Faculdade de Direito devido à grande adesão, especialmente de alunos. Cantando “não vai ter golpe, vai ter luta”, eles destacaram a necessidade de defender o mandato da presidenta Dilma Rousseff (PT) para garantir a democracia no país.
Os manifestantes criticaram a mídia, especialmente a Rede Globo, e lembraram da importância dos movimentos estudantis para combater a ditadura militar. “Precisamos fazer nossa opinião circular, porque hoje a única que circula é a opinião do golpismo da Rede Globo e do Judiciário”, defendeu a militante da União da Juventude Socialista (UJS) Titi Alvares. O colega de coletivo Lucas Maróstica concordou, destacando que é preciso “debater política a todo instante, com amigos, com a família, na fila da padaria, na sala de aula”.
Ele mencionou a importância de ter o apoio dos jovens, geração que “não é protagonista da campanha pró-impeachment”. “Temos que levar nossas bandeiras, não apenas a vermelha, mas todas. Podemos levar bandeiras do Brasil porque esse país também é nosso, as mulheres devem levar a bandeira lilás da sua luta, nós LGBTs devemos levar a bandeira do arco-íris”, sugeriu, sob aplausos.

A questão geracional também foi mencionada por Laura Sito, estudante de Jornalismo e militante da Juventude do PT. “Nossa geração só conhece a democracia e até pouco tempo atrás achávamos que ela não estava ameaçada”, afirmou. Para ela, o debate não é apenas sobre corrupção, mas sim sobre projetos de governo e perda de privilégios, os quais certas classes não conseguem aceitar.
Já a professora Gláucia Campregher, da Economia, trouxe para a discussão a crença de que não é mais apenas a elite que está apoiando os movimentos pró-impeachment. “Se fosse só a elite, estava resolvido, seria 1%. Mas não é mais só a elite, eu ouço as pessoas falando disso nos ônibus, nas ruas. Temos que explicar para as pessoas, e de um jeito simples, com exemplos acessíveis, o que está acontecendo. Temos a obrigação de, a cada dia, conquistar pelo menos duas pessoas”, colocou.
Dentre as políticas que atualmente cumprem mandato em Porto Alegre presentes no ato estava a vereadora Jussara Cony (PCdoB), que foi estudante e é servidora aposentada da UFRGS. “Eu tenho 74 anos e posso dizer que a mesma mídia que em 64 apoiou o golpe, hoje se mostra como divulgadora de interesses desse impeachment. Fui servidora e estudante durante a ditadura militar, e dentro dessa universidade conseguimos formar uma unidade, entre estudantes, trabalhadores e professores. Precisamos fazer um grande comitê mais uma vez”, conclamou.

A deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que começou neste semestre a cursar Mestrado na instituição, fez uma comparação de épocas citando as pessoas que defendem o impeachment. “Essas são as mesmas pessoas que defendiam o golpe, que nos anos 1990 queriam privatizar essa universidade, que foram contra as cotas. Eles defendem que tudo seja sempre para os mesmos, e isso não inclui mulheres, negros, índios, trabalhadores”, afirmou.
Durante as falas, dois estudantes apareceram na janela de uma das salas do Direito para pendurar uma faixa com os dizeres “renúncia já”, em vermelho, e uma bandeira do Brasil. Xingando os manifestantes presentes no ato, sua presença foi recebida aos gritos de “não vai ter golpe, vai ter luta”. A estudante de Serviço Social Natália, da União Estadual dos Estudantes, fez uma analogia com a ação dos opositores. “Eles estão lá em cima nos prédios altos, no empresariado, eles não descem para conversar com a gente. Mas eles estão descendo e a gente está ascendendo, essa universidade é nossa”, falou. Após alguns minutos, um professor retirou a faixa e a jogou janela a baixo, sendo aplaudido e saudado pelos participantes do ato. O grupo irá articular, através das redes sociais, grupos de trabalho para mobilizar ações na universidade.
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