Maria Wagner
A campanha eleitoral à presidência da República é matéria no jornal Welt, da Alemanha. O texto começa dizendo que a candidata à reeleição no Brasil, Dilma Rousseff, do PT, está em meio a uma saraivada de acusações que vêm de seus opositores, defensores da candidatura de Aécio Neves, do PSDB.
Segundo o jornal alemão a revista Veja tentou agravar a situação de Dilma na véspera da eleição, escolhendo a dedo o momento de lançar mais um petardo. Em edição antecipada, publicou em matéria de capa denúncias que atribuiu ao delator Alberto Youssef. Preso em Curitiba, ele teria afirmado que o ex-presidente Lula e também Dilma sabiam da corrupção na Petrobras, que está sob investigação.
A matéria na Welt afirma que a revista Veja “é altamente crítica ao governo”. Acrescenta que, quando foram feitas as primeiras denúncias, Dilma Rousseff reagiu afirmando que a oposição, aliada a setores da mídia, estava preparando um golpe de estado, mas mudou o tom a partir do momento em que não lhe foi mais possível negar os malfeitos. “Sim, isso aconteceu. Eu vou fazer de tudo para que a Nação não sofra o prejuízo”, prometeu. Na verdade, acrescenta Welt, essa é a primeira vez em que a imagem da presidente brasileira foi seriamente arranhada; além disso, é a primeira campanha eleitoral em que seu partido – o PT – precisa sair a campo para se defender de acusações muito graves.
A revista Veja, segundo o jornal alemão, conseguiu dar uma dimensão pessoal ao escândalo da Petrobras, na medida em que as declarações atribuídas a Youssef envolvem Lula e Dilma diretamente no caso, que dominou o último debate da campanha. “Veja não apresentou uma única prova”, afirmou Dilma quando Aécio Neves cobrou uma explicação. A circulação da revista foi proibida pela justiça, mas a eleição transcorreu em clima tenso para Dilma. Os eleitores de Aécio replicaram a capa da revista e com ela saíram às ruas. Se as denúncias atribuídas a Youssef são verdadeiras ou não, isso faz pouca diferença agora para a revista Veja. Ela não foi atrás de comprovações, porque lhe bastaram as declarações.
No local em que votou, em Belo Horizonte, Aécio Neves acusou Dilma Rousseff de querer a vitória com “ajuda de métodos terroristas”. Não interessa o resultado nas urnas. A verdade é que o escândalo da corrupção na Petrobras continuará no centro da política e da justiça brasileira, prevê o redator.
