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12 de setembro de 2015
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12:56

Movimento quer ampliar luta para enfrentar cultura da violência contra mulher

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
"Estamos celebrando um pacto aqui entre homens conscientes e mulheres de luta", destacou a militante feminista Telia Negrão, representando os movimentos sociais. (Fotos: Marcelo Bertani - Agência AL) ​
“Estamos celebrando um pacto aqui entre homens conscientes e mulheres de luta”, destacou a militante feminista Telia Negrão, representando os movimentos sociais. (Fotos: Marcelo Bertani – Agência AL)

Marco Weissheimer

“Vivemos numa sociedade patriarcal, machista e profundamente perversa contra as mulheres. Enquanto não derrotarmos esse caráter patriarcal e perverso a violência contra a mulher permanecerá. Essa campanha tomou as ruas de Nova York no dia 8 de março deste ano e é muito bom que ela seja lançada agora aqui também. A luta contra o machismo e a violência contra a mulher é tão duradoura quanto a luta contra o modelo social e econômico excludente que vivemos. Estamos celebrando um pacto aqui entre homens conscientes e mulheres de luta. Nós, mulheres, precisamos dos homens do nosso lado nesta luta. As palavras da militante feminista Telia Negrão resumiram o espírito do ato de lançamento do movimento mundial #ElesPorElas #HeForShe no Rio Grande do Sul, no início da noite desta sexta-feira (11), no Solar dos Câmara da Assembleia Legislativa gaúcha.

O #ElesPorElas é um movimento global que convoca os homens do mundo inteiro a participarem ativamente da luta pelo fim da violência contra mulheres e meninas. Criado pela ONU Mulheres, a entidade das Nações Unidas para a igualdade de gênero, o movimento chegou ao Brasil em 2014. O movimento é composto por governos, empresas, universidades, sociedade civil, mídia e homens públicos que colaboram para a realização de ações para ampliar a mobilização e adesão de homens e meninos, e assim contribuir com a redução da violência doméstica.

Convidado pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, o deputado estadual Edegar Pretto (PT) aderiu ao movimento e organizou o seu lançamento no Rio Grande do Sul.
Convidado pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, o deputado estadual Edegar Pretto (PT) aderiu ao movimento e organizou o seu lançamento no Rio Grande do Sul.

Convidado pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, o deputado estadual Edegar Pretto (PT) aderiu ao movimento e organizou o seu lançamento no Rio Grande do Sul. O parlamentar, que também é coordenador da Frente Parlamentar dos Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher, fez a adesão em nome da Frente e da Assembleia Legislativa gaúcha, que é o primeiro Parlamento do país a assumir o compromisso com a igualdade entre homens e mulheres. No ato de lançamento, Edegar Pretto destacou a existência de mais de 70 frentes parlamentares desse tipo em câmaras de vereadores no Rio Grande do Sul e fez um testemunho de como o engajamento nesta luta mudou seu comportamento nos últimos anos:

“Eu posso dizer, sem nenhuma demagogia, que mudei como ser humano. Já não penso coisas que pensava antes e já não digo coisas que dizia, que achava que era brincadeira. A gente começa a ficar mais exigente, com a palavra e o ouvido mais apurados e atentos para essas questões de gênero”.

O lançamento do movimento no Estado contou com duas adesões institucionais de peso. As direções do Internacional e do Grêmio enviaram representantes para assinar formalmente o ato de adesão dos dois clubes na campanha. Sérgio Ilha Moreira, pelo Grêmio, e Renan Krüger Ness, pelo Internacional, participaram do ato na Assembleia Legislativa, representando as duas instituições.

Representando a Câmara dos Deputados, o deputado federal Henrique Fontana (PT/RS) destacou que eventos como este estão fazendo muita falta no Brasil que assiste a uma escalada da cultura da violência em praticamente todas as frentes, inclusive na política. “Precisamos de uma cultura e de uma articulação que combata todas essas formas de violência. Para enfrentar essa escalada de violência que vemos hoje no Brasil e no mundo precisamos tomar posições fortes, precisamos assumir de que lado estamos”, disse Fontana, que fez uma advertência sobre o risco particular que o processo de criminalização da política representa para a democracia e para uma cultura de paz.

Show do cantor Wander Wildner, que aderiu ao movimento, foi um dos destaques do ato no Solar dos Câmara.
Show do cantor Wander Wildner, que aderiu ao movimento, foi um dos destaques do ato no Solar dos Câmara.

Bruno Gomes Monteiro, chefe de gabinete da ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, representou o governo federal no encontro e chamou a atenção para o caráter interligado das lutas por direitos e pela dignidade humana. “A violência de gênero não é um problema só das mulheres e dos movimentos de mulheres e feministas. Do mesmo modo, o racismo não deve ser combatido somente pelas negras e negros. Assim como a homofobia não deve ser enfrentada só pela população LGBT. Essas causas necessitam do envolvimento de todos e todas que acreditam em uma sociedade de respeito e de relações mais humanas”.

O Secretário de Justiça e Direitos Humanos, César Faccioli, representou o governo do Estado e definiu o lançamento do movimento como “um ato de assunção de uma culpa histórica da nossa parte”. Em sua fala, Faccioli não escapou de ouvir um questionamento vindo de uma mulher que estava na plateia: “E a Secretaria das Mulheres?” – uma alusão à decisão do governo José Ivo Sartori que extinguiu a Secretaria das Mulheres no início do ano. “Podemos discutir essa questão em outro momento”, respondeu o secretário.


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