
Da Redação
Bandeiras do Brasil e camisetas da seleção brasileira ou nas cores verde e amarela, cornetas e bonés divertidos. Três trios elétricos tocavam do rock ao samba e as crianças eram levadas pela mão vestidas e pintadas nas cores do Brasil. Esse era o clima de quem descia a Independência em direção ao Parque Moinhos de Vento (Parcão), alguns com a cerveja na mão, neste domingo (15), mas não era para fazer o Caminho do Gol. Cerca de 100 mil pessoas, segundo estimativa da Brigada Militar, foram às ruas contra o governo de Dilma Rousseff (PT), que acreditam ser o principal motivo de corrupção no país.
“Fora PT”, “Fora Dilma” foram as principais palavras de ordem que moviam os milhares de gaúchos pela Avenida Goethe. O protesto saiu às 15 horas em direção ao Parque Farroupilha (Redenção). Os organizadores do Movimento Brasil Livre se revezavam nos trios elétricos para dar conta de incentivar a marcha pelo ‘fim da corrupção’ e contra ‘a ditadura bolivariana’.
“Eles dizem que somos golpistas e queremos a ditadura. Aqui ninguém quer a ditadura, queremos a liberdade da ditadura que oprime os venezuelanos, argentinos e cubanos”, diziam de cima dos trios. Um deles levava a faixa “Sem bolivarianismo, nem militarismo”.
S.O.S Forças Armadas
Na caminhada, ao contrário, alguns empunhavam cartazes pedindo S.O.S Forças Armadas. “Eu vivi a época da ditadura e não é tudo isso que dizem. Tá certo que perseguiram algumas pessoas, mas eles eram comunistas. Hoje são do PT. Tem que acabar com a sucessão de políticos e colocar os militares pra moralizar. Depois podemos voltar aos políticos de novo”, disse o representante comercial Carlos Valdem.

Acompanhado da filha, a enfermeira Ana Paula Scheleff, e da esposa, o representante disse que não confia mais no voto e nos políticos. “Não é tirar a Dilma. É tirar o partido todo, o PT. Uma reforma política não adiantaria. Se trocar de governo, muda para outro político. Já temos 12 anos de PT e estamos vendo que ainda não temos saúde e educação”, disse Ana Paula.
O cortejo estava visualmente organizado com cartazes coloridos nas cores verde, amarelo e azul, camisetas ‘Fora Dilma’ vendidas próximo ao local da concentração a R$ 20 reais e outras de grupos que já vieram prontos para o ato e pediam pelo impeachment da presidente.
O impeachment já começou
“Eu acredito que prospera um impeachment. Essa roubalheira e esse governo bolivariano que só envergonha os brasileiros. O país só tem relações com os bandidos e virou as costas para os países que ajudavam o Brasil. Estamos ficando na rabeira do mundo. Além da vergonha na cara desta senhora (Dilma) que não pode ser brasileira pra fazer o que fez. Nenhum petista é brasileiro, eles são vermelhos, disse o engenheiro civil Luis Antonio Senge, que também participou do ato.

A cada quadra os manifestantes diziam para quem assistia das janelas dos prédios ‘vem pra rua’, à exceção dos que tinham bandeiras vermelhas ou comunistas. “Sem foice, nem martelo. Só verde e amarelo”, rebatiam os protestantes em marcha. Quando o ato saiu em marcha, sem a agitação dos organizadores dos trios, a multidão seguia em silêncio sem nenhuma palavra de ordem. Todos marchavam sem bandeiras ou gritos de guerra próprio, mas riam satisfeitos quando o locutor dizia “A Dilma vai cair, vai cair, vai cair”.
Assim foi a marcha que tomou conta da Osvaldo Aranha. Ao se aproximar da Redenção, que poucas horas antes havia sediado um ‘coxinhaço’ ironizando os protestos contra o governo, manifestantes indagavam ‘cadê o coxinhaço?” e provocavam dizendo “Aha, uhu, a Redenção é nossa”.
“Todos que estão aqui estão insatisfeitos”, diz deputado do PSDB
Presente no ato, o deputado federal Nelson Marchezan Jr. (PSDB) afirmou que a unidade do protesto estava no fato de todos estarem insatisfeitos com o governo Dilma. “O pensamento predominante hoje é a corrupção. Mas alguns que estão aqui defendem o Fora Dilma e outros o impeachment. Isso indica que quem está aqui acha que não está bom e quer outra coisa”, afirmou.
Questionado sobre o poder de mudança da reforma política que a sociedade organizada mobilizou por meio de um plebiscito constituinte e outras propostas que pedem mudanças no sistema político nacional que tramitam no Congresso, o deputado disse que a esperança de vencer a corrupção no país está na CPI da Petrobras e num eventual impeachment. “As pesquisas que temos hoje já mostram que tem um ambiente de impeachment. E, de outro lado, na questão política a presidente vai muito mal. Esta fórmula de 40 ministérios pra comprar a base a Dilma não tem mais. Mas ainda não há base jurídica. Acredito é que a CPI da Petrobras deve ir a fundo das investigações”, falou.

Ao chegar à Redenção a marcha se dissolveu entre os que buscaram uma sombra e água fresca depois da passeata de 2 km. A dispersão foi acompanhada do Hino Rio Grandense cantado a plenos pulmões e o Hino Nacional puxado pelo som mecânico do trio elétrico. “O Tarso já caiu, já caiu. A Dilma vai cair, vai cair”, foram as palavras de ordem neste momento, seguidas do som de Viajar, do grupo Papas da Língua. Parte dos manifestantes retornou ao Parcão para dispersão final do ato.
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