Caio Venâncio
Vencedora da eleição para reitoria ocorrida nos dias 9 e 10 de setembro, a professora de Educação Arisa Araújo vai comandar a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) nos próximos quatro anos. Porém, junto com a vice-reitora Eliane Kolchinski, o objetivo da gestão é descentralizar o controle da universidade, que conta com 2.692 alunos, 212 professores, além de 22 cursos de graduação distribuídos por 24 unidades. Atenta à disputa pelo Governo do Estado, a nova direção quer fazer com que os candidatos apresentem projetos em relação à Uergs e a enxerguem como uma instituição importante para o desenvolvimento regional no Rio Grande do Sul.
No pleito, a Chapa 2, de Arisa e Eliane, obteve 53,28% da preferência contra 46,71% da Chapa 1, do atual reitor Fernando Guaragna e do candidato a vice-reitor Leonardo Beroldt. No total, foram 2017 votos válidos, sendo 1651 provenientes de alunos, 201 de docentes e 165 de funcionários, num sistema paritário em que cada setor corresponde a um terço dos votos. A homologação da chapa, porém, só ocorrerá no dia 29. A nova reitoria assume em novembro.
Arisa acredita que a vitória do projeto que representa está diretamente vinculada à necessidade de descentralizar a administração da Uergs. Ela defende uma maior participação dos sete diretores regionais, cargo que atualmente ocupa, nas decisões e elaboração de políticas na universidade. “Queremos uma gestão marcada pelo diálogo, em que cada unidade deve encontrar seu caminho, sempre dentro daquilo que é possível”, afirma. Desde já, a universidade se prepara para a eleição dos diretores regionais, que ocorre em novembro.
A professora revela que pensa em quatro níveis de planejamento para a Uergs, de “curtíssimo” a “longo” prazo. Ela detalha quais seriam algumas das ações de rápida implementação logo após a posse como reitora. “Até assumirmos, estamos num período de planejamento. Analisamos e incluímos entre as demandas de curtíssimo prazo a criação de rampas de acesso, por exemplo. É algo básico, mas que muitas vezes não é feito e prejudica a instituição até mesmo em avaliações de ensino”, argumenta.
Quando questionada sobre a implementação de Restaurantes Universitários (RU) e Casas do Estudante, antigos pedidos dos alunos, Arisa renovou seu compromisso com a descentralização. “Estamos analisando aquilo de que precisam as regiões em relação a estas mudanças concretas. Já sabemos, por exemplo, que hoje é mais necessário auxílio-transporte do que casa do estudante, dado o perfil do aluno da Uergs”, citou.
A menos de 15 dias das eleições de 1º turno para o governo do Rio Grande do Sul, a reitora eleita da universidade estadual criada em 2001 recorda que o diálogo sempre foi “conquistado” com aqueles que ocupavam o Piratini. Ela pretende ouvir o que os diferentes candidatos propõem para a Uergs e fazer com que esta questão esteja presente nos debates. “Queremos que os governantes percebam a Uergs como uma instituição importante para o desenvolvimento regional, que colabora com as potencialidades de cada parte do estado”, sustenta. Apesar da postura ambígua, a professora cita que há projetos “mais bem-definidos” para a instituição e que, da gestão de um partido para outro, a realidade no cotidiano instituição também muda. “No governo anterior, havia apenas duas professoras aqui na unidade em que trabalho. Agora já são nove e existe um concurso público para esta décima pessoa. Mas ainda não é o ideal”, ponderou.
