

Nícolas Pasinato
A ocupação nos hotéis de Porto Alegre no dia da última partida da Copa na cidade é de aproximadamente 80%, segundo o Sindicato da Hotelaria e Gastronomia em Porto Alegre (Sindpoa). O presidente da entidade, Carlos Schmidt, afirma que o índice referente ao jogo entre Alemanha x Argélia se assemelha ao do jogo entre franceses e hondurenhos. “Já era previsto esse número em função da definição dos jogos ter ocorrido muito em cima da hora”, lamenta Schmidt. Ele também informa que os argelinos se concentram em sua maioria em Santa Catarina, o que acaba diminuindo a expectativa de ocupação. “É muito possível que eles voltem ainda esta noite para seus locais de estadia”, diz.
Os jogos que tiveram maior ocupação foram entre Argentina x Nigéria e Holanda x Austrália, ambos com cerca de 95%. A partida entre França x Honduras ficou perto de 80%. A menor movimentação nos hotéis ocorreu no jogo entre Coreia do Sul e Argélia (70%). Com isso, a rede hoteleira registrou um aumento médio de 70% durante o evento. Em relação aos serviços nos hotéis, o impacto econômico não foi tão grande, uma vez que os turistas, geralmente, preferiam se deslocar até bairros boêmios da cidade ou shoppings para diferentes tipos de consumo. De uma maneira geral, porém, a avaliação do impacto da Copa nesse setor é positiva. “Tivemos uma boa média de ocupação e com tarifas médias bem elevadas”, afirma o presidente do Sindpoa. Segundo ele, o aumento das diárias durante o período de Copa em comparação ao mês anterior foi de 100%.
Eram esperados, entre o final de semana e esta segunda-feira (30), em torno de 12 mil alemães no Estado. Segundo a Fifa, 7,3 mil compraram ingressos. Também eram aguardados na Capital 2 mil argelinos, que estiveram na cidade no último domingo (22) para acompanhar o jogo da Argélia com a Coreia do Sul.
Bares e restaurantes

Os bares e restaurantes da Capital foram beneficiados ou prejudicados com a Copa do Mundo em Porto Alegre, conforme o bairro onde estão instalados. Em bairros, como Centro Histórico, Cidade Baixa e Moinhos de Vento, o acréscimo no movimento em bares e restaurantes durante o Mundial deve ser de aproximadamente 20%, conforme o Sindpoa. Nos demais bairros, porém, houve lojas que registraram queda em relação ao mesmo período do ano passado. “Tenho uma loja fora desses bairros que apresentou um decréscimo de 10% “, exemplifica o vice-presidente do Sindpoa, Sandro Zanette. Ele avalia, contudo, que o evento, de uma maneira geral, trouxe muito mais pontos positivos do que negativos para o setor. “A Copa agradou alguns setores da gastronomia e outros nem tanto. Infelizmente, não tem como agradar a todos. Mas no fim todo o setor gastronômico sairá ganhando, pois muitos turistas devem retornar”, prevê Zanette.
Os donos de bares da Rua Lima e Silva, por exemplo, tiveram um faturamento entre 30 a 50% com a Copa. Os turistas que mais gastaram, conforme a Associação de Comerciantes do bairro, foram os holandeses e os australianos. Por outro lado, restaurantes do bairro tiveram uma queda de cerca de 25% no movimento, em virtude de em dias de jogos não haver expediente em órgãos públicos localizados pela região do bairro.
Enquanto os proprietários de bares festejam, os moradores de uma das localidades mais boêmias de Porto Alegre mantêm posição crítica ao movimento registrado no local. Para o presidente da Associação Comunitária dos Moradores da Cidade Baixa, Zilton Tadeu, a situação do bairro para os moradores não sofreu grandes alterações com a Copa do Mundo. Ele critica a conduta da prefeitura em relação a regulação dos horários para funcionamentos de bares no bairro. “A nossa visão é que a Copa do Mundo seria totalmente suportável, desde que durante as demais semanas e dias do ano os moradores tivessem o sossego respeitado. A Copa não é responsável por isso. O responsável é o governo municipal”, criticou.
O decreto municipal 17.902/2012 estabelece os horários de funcionamento dos bares da Cidade Baixa. Nas sextas-feiras, sábados e vésperas de feriado, os estabelecimentos podem funcionar até as 2h, com tolerância de 30 minutos — e, nos demais dias, até a 1h, sendo que após a meia-noite não são permitidas mesas e cadeiras nas calçadas.