
Luís Eduardo Gomes
Em virtude da aproximação do Dia da Consciência Negra, a ser comemorado no dia 20 de novembro, a Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulgou nesta terça-feira (17) uma pesquisa sobre a participação do negro no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre. De acordo com o levantamento, em 2013, os negros compunham 12,1% da população economicamente ativa da Região Metropolitana e, em 2014, 13,3%, resultado muito influenciado pela maior participação das mulheres negras na População Economicamente Ativa (PEA).
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) sobre a população negra, realizada pela FEE em parceria com outras entidades, aponta que, entre 2013 e 2014, houve aumento do contingente de negros ocupados em 7,1%, com o aumento de 16 mil indivíduos empregados, enquanto para os não negros houve redução de 3,4%, menos 67 mil indivíduos, o que também é influenciado pelo aumento da participação de negros em idade economicamente ativa. Segundo a FEE, o desemprego entre negros caiu de 8,7% para 8,5% — entre não negros caiu de 6% para 5,5%.
Os dados apresentados demonstram que a melhoria dos índices de emprego entre negros ocorreu principalmente pela maior participação das mulheres no mercado de trabalho. Enquanto o desemprego entre homens negros subiu de 7,6% para 7,9%, entre as mulheres caiu de 9,8% para 9,2% no período. Essa redução do desemprego é uma tendência que também foi verificada entre mulheres não negras, de 7,1% para 6,2%.

A pesquisa também aponta que, apesar de continuarem sendo o segmento com menor renda média da sociedade, as mulheres negras apresentaram o maior aumento de renda mensal média no período. Segundo o estudo, essas pessoas ganham, proporcionalmente, 56,1% do rendimento médio salarial por homens não negros – o segmento com maior renda média da população. Em 2013, essa proporção era de 52,6%. Para outros segmentos analisados, a proporção permaneceu praticamente estável. Em 2013, a renda média do trabalhador da Região Metropolitana era de R$ 1.473, enquanto em 2014 passou para R$ 1.514.
Segundo Iracema Castelo Branco, coordenadora do Núcleo de Análise dos Dados da PED pela FEE, essa melhoria dos índices de emprego e renda das mulheres negras pode ser atribuído a duas questões. “Uma é a questão da escolaridade. As mulheres, em geral, possuem um nível de escolaridade maior do que os homens. E, dois, uma presença maior das mulheres no setor público”, afirma.
Entre 2013 e 2014, o rendimento médio da mulher negra cresceu 6,4%. A participação delas no setor público subiu de 11,9% para 15%, enquanto a participação no emprego doméstico caiu de 18,5% para 16,5%. “Entendo que a questão das cotas começa a ser perceptível nesse momento”, diz Iracema, que salienta que a participação das mulheres negras já é muito semelhante a de não negras no serviço público, 15% e 15,6%, respectivamente. “Há quase uma igualdade de participação”, afirma.
Queda do emprego em 2015
Apesar de os dados apresentados nesta terça serem referentes ao ano de 2014, a FEE já tem dados consolidados sobre o aumento do desemprego na Região Metropolitana no primeiro semestre em virtude da crise econômica do País. No período, a taxa de desemprego entre os negros subiu para 9,3% e entre os não negros para 7,1%.
Contudo, segundo Iracema, ainda não é possível perceber se esse aumento de desemprego está afetando algum segmento da sociedade de forma mais intensa. “O que a gente sabe é que existe uma deterioração do mercado de trabalho e a principio está piorando para todo mundo”, diz.