
Jaqueline Silveira
A paralisação dos trabalhadores dos Correios segue até esta sexta-feira (29). Desde a manhã de quinta-feira (28), centenas de funcionários no Estado estão de braços cruzados com objetivo de pressionar a direção da estatal a atender as reivindicações da categoria. Uma delas é a troca do turno da entrega das cartas. Conforme o Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect-RS), atualmente, a entrega é permitida só a partir das 13h. “Pela manhã, a gente fica no trabalho externo, a gente quer inverter essa lógica”, explica o secretário-geral do Sintect-RS, Vitor Rittmann.
O sindicalista disse que, nas últimas semanas, carteiros passaram mal durante o trabalho devido ao forte calor, o que motivou os dois dias de paralisação. “Fazer a entrega das 9h ao meio-dia já amenizaria um pouco. Vários colegas estão desmaiando”, justifica Rittmann. No entanto, segundo ele, a direção não estaria disposta a atender a reivindicação. “Em Cruz Alta, na Região Central, a entrega é pela manhã e está dando certo. È uma coisa que a gente não entende”, argumentou Rittmann, diante da negativa da diretoria da estatal.
Outra reivindicação da categoria é a realização de concurso público para amenizar o déficit de servidores, que hoje seria de 1,5 mil no Rio Grande do Sul, e reduzir a “sobrecarga de trabalho.” O secretário-geral informou que, em virtude do Programa de Demissão Voluntário implementado nos Correios em 2014, 500 funcionários se desligaram da estatal. Atualmente, segundo Rittmann, há nos Correios do Rio Grande do Sul entre 6,2 mil e 6,3 mil trabalhadores. O Sintect também reivindica a nomeação de aprovados no último concurso, que é de 2011, e que ainda está em vigor. O sindicato aguarda por uma reunião com a direção regional para tratar das pautas.
O outro lado
Quanto à inversão do turno de entrega das cartas, a assessoria de imprensa dos Correios informou que o novo horário já começou a ser implantado, conforme cronograma estabelecido em Acordo Coletivo de Trabalho e que prevê a realização das mudanças em três fases. No Rio Grande do Sul, foi finalizada a primeira fase dentro do prazo estipulado, com a saída dos carteiros do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) de Cruz Alta durante a manhã, a partir do dia 15 de janeiro. Nas próximas fases, mais 19 unidades do Estado devem entrar no processo de entrega pela manhã, segundo definido no acordo.
A assessoria ressaltou, ainda, que a inversão de turno impacta “em diversos fatores da logística de distribuição, como horários de recebimento de carga das linhas aéreas, organização dos objetos postais durante trabalho interno nas unidades e período de entrega à população, por isso não pode ser implementada sem o planejamento adequado.”
Em relação ao concurso de 2011, a assessoria de imprensa informou que só podem ser chamados aprovados para reposição de funcionário. Quanto ao déficit de trabalhadores, seriam, em sua maioria, por questões de férias ou afastamentos. Nessas situações, segundo a assessoria, a estatal só pode fazer contratações temporárias num prazo de até nove meses para suprir a carência. A assessoria informou a direção dos Correios que está trabalhando para suprir a demanda e deve realizar, em breve, contratação temporária para atender a necessidade de forma emergencial.
A assessoria de imprensa esclareceu que há uma mesa de negociações permanente com os sindicatos e que havia uma reunião marcada para a tarde desta quinta-feira, às 14h, quando seria discutida a revisão do calendário definido no acordo em relação à entrega das cartas pela manhã. No entanto, a categoria decidiu fazer paralisação e o encontro foi cancelado. A assessoria enfatizou que as reivindicações podem ser tratadas na mesa de negociação permanente sem a interrupção dos serviços.

Paralisação atinge parte das cidades gaúchas
No primeiro dia de paralisação, em Porto Alegre, os funcionários fizeram uma caminhada na manhã da quinta-feira e à tarde, uma assembleia em frente a sede dos Correios. Conforme o Sintect, 60% dos trabalhadores aderiram à paralisação no Estado. A Capital e as regiões Metropolitana, de Pelotas e Rio Grande, Santa Cruz e Passo do Fundo foram alguns dos lugares onde os funcionários cruzaram os braços. Pertencente a outro Sindicato, a região de Santa Maria não paralisou o trabalho.
O impacto na entrega de cartas com a paralisação, segundo o secretário-geral do Sintect-RS, ainda não foi avaliado. “Não temos uma estimativa ainda”, concluiu Rittmann.
Conforme a assessoria de imprensa dos Correios, as agências estão funcionando normalmente em todo o Estado, inclusive o serviço de Sedex para qualquer região do país. Na avaliação dos Correios, a paralisação é localizada em alguns municípios do Estado que fazem parte da base do Sintect-RS, já que a base do Sintect-Santa Maria, que abrange as regiões Central, Noroeste e Fronteira-Oeste, está trabalhando.