
Jaqueline Silveira
Quem circula por Porto Alegre já deve em algum momento ter presenciado um morador de rua abrigado sob uma marquise, dormindo nas calçadas próximas aos prédios ou, ainda, vagando pelas ruas. Mas qual é o número da população de rua vivendo na capital gaúcha? Essa pergunta será respondida pelo censo que será realizado pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A ordem de início do levantamento será assinada no dia 26 de janeiro, quando a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e UFRGS devem definir o cronograma de trabalho, como a data do começo do levantamento e o tempo para finalizar o censo, conforme informou a diretora técnica da Fasc, Marta Borba.
Trâmites burocráticos, informou ela, causaram o atraso da assinatura do contrato com a UFRGS e, como consequência, o cronograma antes estabelecido para o censo precisou também ser alterado. “Queremos fazer o mais rápido”, afirmou a diretora, acrescentando que no período de verão essa população “migra muito” não sendo, talvez, o momento mais adequado para iniciar o levantamento. Junto com a população adulta, será feito o recenseamento das crianças e adolescentes que moram nas ruas de Porto Alegre – o último levantamento foi feito em 2007.
Já o último censo dos moradores de rua foi realizado pela Fasc em 2011 com a consultoria da UFGRS, e apontou uma população de 1.347 habitantes, segundo Marta. Agora, todo o levantamento será feito pela universidade e a tendência é revelar um aumento dessa população. “Isso é o que a gente vai ver. O objetivo com a divulgação dessa pesquisa é que ela sirva para o aprimoramento de políticas públicas”, explicou a diretora técnica da Fasc.
Técnico social da Fasc e que acompanha a situação dos moradores de rua, Mateus Cunda acrescentou que o censo vai revelar as condições que essa população está vivendo e as suas necessidades, servindo de base para pensar em políticas públicas. A região central, de acordo com ele, concentra boa parte dos moradores de rua da Capital. A Zona Norte, apontou o técnico, também recebe um número considerável dessa população, contudo, será o levantamento que indicará os locais com a maior concentração de moradores de rua.
Ampliação das equipes de atendimento
Atualmente, conforme Cunda, essa população é atendida nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e no Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centros POP). Recentemente, informou o técnico social da Fasc, ocorreu a ampliação do número de profissionais nas equipes dos CREAS para atender especificamente a população de rua. Isso porque, explicou ele, os profissionais que integram as equipes cuidavam, ao mesmo tempo, do atendimento da população de rua e de outras atividades. Agora, haverá técnicos só para atender esse público – serão 44 profissionais destinados para a área.

Mapeamento da população de rua na Região Metropolitana
Desde o ano passado, está em andamento o mapeamento da população de rua em 33 municípios da Região Metropolitana e mais a Capital. O levantamento é realizado pelo Centro de Assessoria Multiprofissional de Porto Alegre (Camp), vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e faz parte do projeto do Ministério do Trabalho e Emprego e da Secretaria Nacional de Economia Solidária.
Conforme a coordenadora do mapeamento, Claudia Andrieux, a meta é fazer o cadastramento de 600 moradores de rua e mapear os espaços de atendimento dessa população em cada um dos 34 municípios. “É um mapeamento da história dessa população e dos atendimentos”, explicou Claudia. O trabalho já foi realizado em 31 municípios e ao final será elaborado um relatório com sugestões para melhorar e aprimorar os serviços para essa população. Há, observou a coordenadora, diferenças em relação aos serviços disponibilizados pelas cidades e que serão apontadas no documento, que estará concluído em novembro deste ano.
Também o mapeamento irá apontar três empreendimentos, de acordo com as necessidades da população de rua, que serão viabilizados para a geração de renda. No caso dos empreendimentos, segundo Claudia, a meta é beneficiar 300 moradores de rua. Para o mapeamento, o Ministério do Trabalho disponibilizou R$ 1,48 milhão.