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19 de julho de 2016
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21:17

Mais de 1500 pessoas são obrigadas a deixar ocupação Campo Grande, em Porto Alegre

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
 Foto: Sofia Cortese/ Mídia Ninja
Parte dos moradores já havia retirado seus pertences da ocupação | Foto: Sofia Cortese/ Mídia Ninja

Vitor Laitano e Lucas Leffa,
do Mídia Ninja

Informados sobre seu destino, os moradores da ocupação Campo Grande, que há mais de dois anos resiste na Zona Norte de Porto Alegre, decidiram antecipar a ação da polícia após ficarem sem água e sem luz, e desmancharam suas casas na esperança de salvar o que ainda podem. A reintegração de posse foi marcada oficialmente para esta terça-feira (19).

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O terreno no bairro Rúbem Berta abrigava 1500 pessoas até a quinta-feira passada, quando a polícia começou a passar anunciando em carro de som que era hora de mais uma vez de se mudar. Os autos falantes anunciavam: “reintegração de posse dia 19, desmontem as suas casas”, mas as pessoas não acreditaram, muitas já haviam vindo de outras ocupações da região metropolitana, desapropriados.

A esperança foi posta a prova já no outro dia, quando as viaturas pararam nas ruas de chão batido e os policiais invadiram residencias “procurando por assaltantes, ladrões e vagabundos”. O curioso, no entanto, é que a criminalidade diminuiu vertiginosamente desde a ocupação das terras. O local vazio por 40 anos “só mato e deposito de carros e corpos de gente morta”, como relatou o morador Jose Paulo de Castro. “Nós chegamos a achar uma cabeça de criança no meio do mato”, disse, enquanto atirava as madeiras do que sobrou da casa do vizinho no fogo, fazendo um de calor na noite fria gaúcha.

 Foto: Sofia Cortese/ Mídia Ninja
Famílias foram pegas de surpresa pela reintegração de posse | Foto: Sofia Cortese/ Mídia Ninja

Na madrugada desta terça, enquanto esperando a resposta do oficial de justiça, restavam menos de 400 pessoas entre crianças e idosos, um deles em cadeiras de rodas, que sequer teve ajuda do estado para desmontar sua casa e retirar seus móveis.

A maior parte das pessoas foram pegas de surpresa e precisaram recorrer a parentes e amigos para ter pra onde levar suas coisas. Muitos moradores foram para outros lugares da cidade. Os que restaram dizem não ter pra onde ir. Sentada em colchões, entre filhos e netos, puxados pra rua, Magali Coraça Dorneles do Santos diz “nos tratam pior que cachorro. Cachorro pelo menos tem casa.”

 Foto: Sofia Cortese/ Mídia Ninja
Reintegração estava marcada para às 6h desta terça-feira | Foto: Sofia Cortese/ Mídia Ninja

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