

Da Redação
Com a expedição do novo mandado de reintegração de posse pelo juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública, Rogerio Latorre, na última terça-feira (26), a ocupação Lanceiros Negros, localizada no centro da Capital, faz um “ato de resistência” na manhã desta quinta-feira (28), a partir das 8h30, em frente ao prédio, na esquina das ruas General Câmara e Andrade Neves. Para o ato, a coordenação da Lanceiros deverá receber o apoio de movimentos sociais, de outras ocupações e estudantes na tentativa de continuar no prédio estadual.
Há mais de cinco meses, 70 famílias ocupam o edifício do Estado que estava abandonado há mais de 10 anos. Desde então, ocorreu uma batalha judicial entre a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e o Movimento Livre nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que coordena a ocupação. De um lado, o Estado querendo a retirada dos moradores e, de outro, as famílias tentando resistir. Elas permaneciam no lugar amparadas por uma liminar, que foi derrubada pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ), no dia 7 de abril.
A partir da decisão do TJ, o juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública determinou a reintegração imediata com comunicação à Brigada Militar, ao Conselho Tutelar e ao Corpo de Bombeiros para acompanhar o cumprimento da medida. Até a quarta-feira (27), entretanto, a ocupação, segundo a coordenadora do MLB, Nana Sanches, não foi notificada pelo oficial de justiça sobre o despejo. Contudo, ela afirma que as famílias não irão deixar o local e que, inclusive, já estão providenciando tapumes nas janelas do prédio como forma de proteção para os moradores. “Fizemos um assembleia na terça-feira que deliberou que vamos resistir”, afirmou Nana.
Boa parte das 70 famílias, que ocupam o prédio desde o dia 14 de novembro do ano passado, morava nos bairros Lomba do Pinheiro e Morro da Cruz, a maioria em áreas de risco. Também há moradores afetados pelas enchentes ocorridas na Capital, em outubro de 2015. Entre elas, mais de 40 crianças e idosos. Juntaram-se ainda ao grupo uma família indígena e um estudante de Guiné-Bissau, na África. “Estamos nos preparando para a resistência, ninguém quer voltar para onde morava e tem famílias que nem têm para onde ir ou estão fugindo da violência, da disputa por território”, concluiu Nana, sobre as áreas conflagradas pela disputa do tráfico.