
Débora Fogliatto
Diante da falta de pessoal na área administrativa, a Sala P.F. Gastal, na Usina do Gasômetro, não irá reabrir em fevereiro. Tradicionalmente, a sala fecha apenas em dezembro e janeiro, mas neste ano voltará a abrir somente em março. Segundo a Coordenadoria de Cinema, Vídeo e Fotografia, ainda não está definido o dia da reabertura.
Parte da equipe está em férias, motivo semelhante ao que levou ao breve fechamento da Cinemateca Capitólio em janeiro, mas agora o problema é na parte administrativa, enquanto antes era com técnicos de projeção. A reabertura da Cinemateca, aliás, não significou o aumento necessário na equipe que é responsável pelos dois espaços. “A equipe teve que se dividir entre os dois lugares, porque a Coordenação de Cinema na Usina responde pela Galeria Lunara, Galeria dos Arcos e a sala P.F. Gastal”, explica Bete Tomasi, técnica em cultura da Coordenação, que faz parte da Secretaria da Cultura.
As galerias de arte que são de responsabilidade do mesmo departamento também estão com a programação parada, mas este é o quadro regular durante os meses de janeiro e fevereiro, segundo Bete. A P.F. é conhecida especialmente entre os cinéfilos por transmitir filmes de fora do circuito comercial, a partir de mostras como a Sessão Plataforma, que exibe filmes recentes e inéditos na cidade que não tenham distribuição garantida no Brasil, e a Sessão Aurora, que por sua vez realiza ciclos sobre diversos temas.
Antes da programação ser interrompida, estava em exibição o ciclo História do Cinema Americano. As sessões são organizadas pela equipe do Zinematógrafo, coletivo responsável por um fanzine de cinema feito em Porto Alegre, que também promovem outros festivais e exibições de filmes inéditos ou de fora do circuito comercial. O grupo, que realiza a Aurora desde 2012, pretende aguardar o retorno da Sala, afirmando que só irão procurar outro espaço caso a P.F. não volte a abrir.

Além de se preocuparem com o fechamento da sala, a equipe do Zinematógrafo também lamenta a falta de interesse da população com a situação do local. “A P.F. Gastal sofre com o abandono da Usina do Gasômetro. Pode ter a mostra mais interessante, o filme mais raro, mas a cidade parece não querer mais olhar pra lá. É muito estranho, na verdade, porque a impressão é de que a cidade deixou a Usina chegar no ponto em que está, sem se importar muito, e agora finge que ela não existe”, apontam.
Por outro lado, quando há questões relacionadas ao recém-inaugurado Capitólio, observa-se que há uma atenção maior por parte da comunidade. “Existe um público muito fiel e que não é pequeno, a Sessão Aurora quase sempre lota a sala, por exemplo. Mas a gente notou essa diferença. Nunca houve muita cobrança, ao contrário do Capitólio. Qualquer probleminha lá já vira um escândalo”, comentam.
A Sala P. F. Gastal existe desde 1999 no 3° Andar da Usina do Gasômetro, com 118 lugares e equipada com projetor com capacidade de exibir filmes tanto de 35mm quanto de 16mm. O nome homenageia o jornalista Paulo Fontoura Gastal (1922-1996), considerado o maior crítico de cinema que o Rio Grande do Sul já teve e um dos fundadores do Festival de Gramado.