

Jaqueline Silveira
O Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre entregou, na tarde desta quarta-feira (6), à Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) a pauta de reivindicações da categoria, aprovada em assembleia realizada na noite da última terça-feira (5). Os rodoviários reivindicam dissídio de 15% e aumento do vale-alimentação de R$ 21 para R$ 25, além da garantia do pagamento de 100% do benefício no período de férias. Hoje, o trabalhador recebe 50% do valor.
Os rodoviários também pedem a manutenção do plano de saúde e a garantia de nenhum trabalhador ser demitido em 2016 diante da crise financeira e das muitas dispensas ocorridas por empresas de diferentes setores no ano passado. Atualmente, segundo o sindicato, há 8,7 mil rodoviários na Capital, entre motoristas, cobradores, fiscais. Em 2015, a categoria recebeu um reajuste de 8%. Hoje, o salário do motorista é de R$ 2.168 e do cobrador, de R$ 1.306. “A gente não abre mão de um ganho real”, adiantou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Adair da Silva.
A data-base da categoria é 1º de fevereiro. O dissídio tem impacto na tarifa do transporte , que hoje é de R$ 3,25, já que integra a planilha de cálculo. A nova passagem entregará em vigor junto com o novo sistema de transporte, que deverá entrar em funcionamento no mês de março e será operacionalizado pelas mesmas empresas que prestam o serviço atualmente.
Por meio da assessoria de imprensa, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) informou que irá convocar uma assembleia dos associados com o fim de avaliar a pauta de reivindicações dos rodoviários e elaborar uma contraproposta, porém não há uma data definida. O Seopa informou, ainda, que devido à assinatura do novo contrato de concessão do transporte público “estão previstos novos critérios e prazo de reajuste de tarifa, o que deverá ser considerado na composição da contraproposta apresentada pelas empresas.”
Assembleia contestada
A exemplo do que já correu em outras assembleias dos rodoviários, a da última terça-feira foi tumultuada, principalmente entre integrantes do sindicato e da oposição à atual direção. Representante da posição, o delegado sindical e funcionários da empresa Carris, Luís Afonso Martins disse que os trabalhadores contestam a condução da assembleia feita pela direção. Ele também demonstrou contrariedade com edital de convocação da assembleia dando “amplos poderes” ao presidente. “A assembleia é que é soberana”, argumentou Martins, sobre as decisões da categoria.
“Nós, trabalhadores, estamos bem revoltados com as atitudes arbitrárias dessa direção. Algumas pessoas mudaram, mas os métodos continuam os mesmos”, criticou o delegado sindical, acrescentando que os rodoviários não puderam se manifestar. “Não foi dada a palavra para ninguém”, acrescentou. Um dos líderes da greve dos rodoviários que parou Porto Alegre no começo de 2014, Martins informou que os representantes da oposição devem se reunir até o final de semana para tomar uma decisão.
Já o presidente Adair da Silva se defende, afirmando que as atitudes da oposição só contribuíram para demissões entre os trabalhadores. Conforme o dirigente do sindicato, os opositores à direção reivindicaram a formação de uma comissão para negociar o dissídio, o que não foi aceito. “Quem tem legitimidade para negociar pela categoria é o sindicato”, argumentou Silva.