
Débora Fogliatto
Desde julho deste ano, o Centro de Porto Alegre conta com um pouco mais de espaço para pedestres – ou ao menos deveria. Nas ruas Marechal Floriano Peixoto, Vigário José Inácio e Doutor Flores, uma parte da via foi demarcada zona para as pessoas e apelidada de “pedestrovia“. A sua instalação é a primeira fase do projeto Rua Para Pessoas, que começou a ser discutido em um grupo de trabalho que se reúne desde o ano passado, por iniciativa da ONG Mobicidade. Nesta segunda-feira (23), porém, a entidade denunciou que carros estavam estacionando no local.
Conforme foi conferido pela reportagem do Sul21, a “pedestrovia” da Vigário José Inácio estava tomada por veículos estacionados. Ignorando tanto a placa de proibido parar e estacionar quanto a pintura representando uma pessoa a pé no chão, quatro carros foram flagrados no local por volta das 17h30. Em publicação em seu site, a ONG afirma ter ido ao local diversas vezes na última semana para conferir o andamento do projeto. “Todas as vezes encontramos veículos estacionados sobre o trecho dos pedestres. Havia inclusive fiscais da própria EPTC presentes no local, mas que só tomaram alguma atitude depois de nossa reclamação”, afirmam.
O problema parece ser mais grave na Vigário, rua onde a “pedestrovia” é mais larga que a existente nas outras duas vias, onde não caberia um carro estacionado. Logo que a faixa foi pintada, comerciantes relataram que havia carros estacionados também na Doutor Flores. Além disso, no trecho entre a rua dos Andradas e avenida Otávio Rocha, a pedestrovia é interrompida por um pedaço onde é permitida a carga e descarga de veículos, causando ainda mais confusão. Em outro ponto, há três contêiners de recolhimento de lixo em cima do trecho destinado a pedestres.

O presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, foi avisado do problema pela Mobicidade e afirmou estar reunido com os responsáveis pela fiscalização para tratar do assunto. “Deve ter sido algum momento anormal em que eles (Mobicidade) passaram ali, mas a fiscalização é muito rígida, carros são passíveis de multa e recolhimento do veículo. Inclusive, é prioridade em questão de fiscalização”, garantiu.
O projeto original previa a colocação de fradinhos, que impediriam a circulação e passagem de carros no local. Segundo a Mobicidade, foi a própria EPTC que optou por substituir os fradinhos por tachões, que não impedem a passagem de automóveis. “O argumento da EPTC é que os fradinhos seriam obstáculos que comprometeriam a acessibilidade, principalmente por pessoas com alguma deficiência visual. A nossa opinião é de que carros estacionados sobre a área que deveria ser dos pedestres constituem em obstáculos muito maiores”, afirma a ONG.

