

Luís Eduardo Gomes
Em reunião comandada pelo vice-prefeito, Sebastião Melo, na manhã desta segunda-feira, a prefeitura de Porto Alegre estabeleceu um prazo de 15 dias para a empresa Show Tecnologia apresentar soluções para os frequentes problemas verificados no sistema de monitoramento por GPS da frota de táxi da cidade, que começou a ser instalada em outubro do ano passado.
O monitoramento por GPS dos táxis de Porto Alegre é determinado por uma lei aprovada pela Câmara de Vereadores do município em 2013, que tinha por objetivo aumentar a segurança nos táxis e permitir um melhor monitoramento da frota para, caso necessário, cogitar aumentá-la.
Segundo dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), da frota de mais de 4,2 mil táxis de Porto Alegre, já foram instalados equipamentos em 3,4 mil veículos. Desses, em um teste realizado na manhã desta segunda, 2,8 mil estariam com a comunicação minuto a minuto atualizada, 520 apresentaram falhas no funcionamento e em 141 foram verificadas violações do equipamento.
De acordo com Luiz Odir Borges Nozari, diretor-presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), o sistema “simplesmente não funciona”. Ele discorda, inclusive, de que existam cerca de 2,8 mil táxis com sistemas funcionando adequadamente. “Tecnicamente, os táxis estão sendo monitorados. Mas, na prática, o tempo que ele leva para atualizar é tão grande que é como se não funcionasse. De que adianta eu saber que o meu carro esteve na Zona Sul de manhã, se é 15h e eu estou no Centro”, questiona Nozari.

Nozari afirma que as informações transmitidas pelos sistemas de GPS já instalados são imprecisas. Ele teme que, mantido esse problema, a EPTC possa ser induzida a tomar decisões como aumentar a quantidade de táxis na cidade. “Partindo de um parâmetro falso, vai tomar decisões equivocadas”, diz.
Outro questionamento dos taxistas é que o chamado “botão de pânico”, que deveria informar imediatamente os órgãos de segurança pública em caso, por exemplo, de assalto a táxi, não estariam funcionando de forma adequada e, quando acionado, a Brigada Militar também não teria respondido à ocorrência. Porém, o tenente-coronel Vieira, comandante do 1º BPM, disse não ter notícia de que o botão tenha sido acionado em alguma momento.
Os taxistas reclamam ainda que, mesmo com o sistema apresentando falhas, têm sido cobrado deles mensalmente uma taxa equivalente a 17 bandeiradas (atualmente R$ 79,22) mais a taxa bancária do boleto.
De acordo com o vice-prefeito, a cobrança da taxa fica suspensa até que a empresa Show Tecnologia apresente uma solução a um grupo de trabalho, que será formado por representantes da EPTC, da Câmara de Vereadores, da Brigada Militar, da Guarda Municipal, da Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa) e das categorias de taxistas da cidade.
Prefeitura pode cancelar contrato
A expectativa era que, nesta reunião, a prefeitura pudesse anunciar o rompimento do contrato com a Show Tecnologia. Apesar de optar por conceder um prazo de 15 dias à empresa, Melo afirmou que existe sim a possibilidade de a cidade romper o contrato vigente. Contudo, ele salientou que isso não representaria desistir da ideia de monitorar a frota de táxis.
“Nós não estamos abrindo mão do sistema de GPS, que tem dois objetivos fundamentais: a segurança do taxista e do cidadão e resolver a questão de se precisamos aumentar o número de táxis na cidade ou não”, disse Melo. “Esse sistema é bom. Agora, se a empresa que ganhou a licitação não dá conta, rompe-se o sistema, faz-se uma nova licitação ou a empresa, nesses 15 dias, admite que errou e corrige o problema. O que não dá é pagar e não ter o serviço”.
Vanderlei Capelari, diretor-presidente da EPTC, reconheceu que há falhas na comunicação e que a prefeitura, inicialmente, se preocupou mais com a instalação do sistemas em cada táxi do que com a manutenção e monitoramento daqueles que já foram instalados.
“Na verdade, nós não tínhamos nenhuma empresa no Brasil que demonstrasse uma capacidade técnica de rastrear tantos veículos ao mesmo tempo. Isso é uma inovação”, disse Capelari. “O que nós precisamos é que a empresa agora possa demonstrar claramente que está fazendo o rastreamento conforme o contrato, atualizando de minuto em minuto o posicionamento e possa dar todas as informações que o contrato exige”, disse.

Contudo, o vereador Engenheiro Comassetto (PT), presidente da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara de Vereadores, o fato de a instalação de um sistema integrado de GPS em toda a frota de táxi da cidade ser inédito em uma cidade brasileira, isso não justificaria a ocorrência dos problemas verificados.
“No campo da tecnologia da informação e da comunicação existe know-how mais do que suficiente aqui em Porto Alegre e fora para implantar um sistema como esse nos táxis. Se não existe ainda nos táxis do Brasil, por outro lado as empresas transportadoras têm rastreadores, os ônibus intermunicipais estão todos eles monitorados”, disse o vereador. O problema é que a empresa contratada não tinha e não tem a experiência necessária”.
Eduardo Marinho, diretor da Show Tecnologia, reconheceu em sua fala que, de fato, esse era o primeiro projeto de instalação de um sistema de GPS pela sua empresa. Contudo, ele afirmou que a empresa pode sim apresentar uma solução para os problemas apresentados no sistema no prazo de 15 dias. Marinho salientou que cada táxi apresenta um problema e é preciso avaliar as situações caso a caso.
“Precisamos saber qual é a dificuldade de cada prefixo, porque a dificuldade passa desde o conhecimento de como acessar o aplicativo, como entrar no site, esquecimento de senha, como utilizar a ferramenta, como puxar os relatórios. Enfim, as dificuldades são inúmeras”, disse, salientando ainda que problemas na comunicação podem ser decorrentes de falhas no sinal de telefonia e interferências meteorológicas.