

Da Redação*
Os bancários dos bancos públicos e privados de todo o país entram em greve nacional a partir desta terça-feira (30), por tempo indeterminado. Por orientação do Comando Nacional, coordenado pela Contraf-CUT, a decisão foi tomada pelas assembleias realizadas pelos sindicatos na segunda-feira à noite, que ratificaram as decisões das assembleias do dia 25 e rejeitaram a nova proposta apresentada no sábado 27 pela Fenaban, elevando o índice de reajuste de 7% para 7,35% (0,94% de aumento real) para os salários e demais verbas salariais e de 7,5% para 8% (1,55% acima da inflação). Os servidores reivindicam 12,5%, com ganho real de 5,8%.
“Além de o índice de reajuste não atender a expectativa dos bancários, a proposta não contempla as reivindicações não econômicas, que para nós são imprescindíveis, como garantia de emprego, combate às metas abusivas e ao assédio moral, segurança bancária e igualdade de oportunidades. Queremos mais dos bancos, que têm aqui a mais alta rentabilidade de todo o sistema financeiro internacional”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
As principais reivindicações dos bancários são o reajuste salarial de 12,5%, o piso salarial de R$ 2.979,25, 14º salário, vales alimentação, refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 724,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional), gratificação de caixa de R$ 1.042,74, vale-cultura de R$ 112,50 para todos, fim das demissões e da rotatividade, mais contratações, proibição às dispensas imotivadas como determina a Convenção 158 da OIT, aumento da inclusão bancária e combate às terceirizações, e o fim das metas abusivas, entre outras. Uma das bandeiras é, também, o combate ao assédio moral no ambiente de trabalho e igualdade de oportunidades para todos, pondo fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Segundoa Contraf, somente os seis maiores bancos (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Santander e HSBC), que somados detêm mais de 85% dos ativos do sistema financeiro e empregam mais de 90% dos bancários, tiveram lucro líquido de R$ 56,7 bilhões em 2013 e mais R$ 28,5 bilhões no primeiro semestre deste ano.
“Para conseguir esses lucros estratosféricos, os bancos estão fazendo demissões e usando a rotatividade para reduzir a média salarial da categoria e submetendo os bancários a uma crescente pressão por cumprimento de metas abusivas, que levam com frequência à prática do assédio moral”, destaca Carlos Cordeiro. Em razão disso, 18,6 mil bancários doentes foram afastados do trabalho pelo INSS em 2013 (aumento de 41% em relação aos últimos cinco anos), mais da metade dos quais com diagnóstico de transtornos mentais e do sistema nervoso – doenças que cresceram 64,3% desde 2008.
O Comando Nacional, formado pela Contraf-CUT, dez federações e 134 sindicatos de bancários de todo o país, se somam em mais de 90% dos 511 mil trabalhadores de bancos públicos e privados. Um balanço do primeiro dia de greve será divulgado no final da tarde desta terça-feira, com base nas informações que serão enviadas pelos sindicatos para a Contraf-CUT.
Outras reivindicações são a prevenção contra assaltos e sequestro — o cumprimento da Lei 7.102/83 que exige plano de segurança em agências e PABs, garantindo pelo menos dois vigilantes durante todo o horário de funcionamento dos bancos, a instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento das agências; biombos em frente aos caixas e fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
O calendário nacional dos servidores prevê manifestações em frente aos prédios do Banco Central, em defesa de um BC independente do mercado financeiro, no dia 2 de outubro.
*Com informações do Contraf-CUT