Débora Fogliatto
Na primeira propaganda eleitoral gratuita após o primeiro turno das eleições, nesta quinta-feira (9), os dois candidatos mais votados — Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) — falaram sobre os números da votação obtida e destacaram apoios que receberam a partir de então. A atual presidente Dilma também focou seu programa nas medidas sociais implantadas durante seu governo, enquanto Aécio mencionou sua carreira política e se apresentou como “o candidato das mudanças verdadeiras”.

Dilma
Em seus dez minutos de propaganda, Dilma começou agradecendo por ter sido “a grande vencedora no primeiro turno”, mencionando estados onde sua base aliada venceu, assim como parlamentares que a apoiam: dos 13 governadores eleitos, 10 são da base aliada de Dilma; 59% dos deputados e, no Senado, 15 das 27 cadeiras apoiam sua reeleição.
“Eu entendi o recado das ruas e das urnas, que disseram que a melhor forma de continuar mudando é acelerar e aperfeiçoar o que está em andamento, fazer governo novo com ideias novas”, disse Dilma, prometendo que fará “as mudanças que forem necessárias” para melhorar a vida dos brasileiros. Durante seu programa, falas dela eram intercaladas com imagens de comícios e declarações de pessoas que participaram de programas sociais promovidos pelo PT, como o ProUni, o Pronatec e o Minha Casa Minha Vida.
Em seguida, a presidente criticou seu adversário, comparando índices atuais com os de antes do governo petista. Ela afirmou que Aécio “representa o modelo que quebrou o país três vezes, abafou escândalos de corrupção, privatizou propriedades públicas, causou desemprego altíssimo, esqueceu dos mais pobres, não investiu na área social nem na infraestrutura”.
Alguns governadores e senadores eleitos apareceram, então, apoiando a reeleição de Dilma. O primeiro foi Fernando Pimentel (PT), governador eleito no primeiro turno em Minas Gerais, estado que foi governado pelo PSDB por 12 anos, inclusive por Aécio Neves. Pimentel destacou que Dilma foi a mais votada em Minas. Outros nomes que apareceram foram Rui Costa (PT), eleito para o governo da Bahia; Jaques Wagner (PT), atual governador baiano; assim como políticos do PMDB e PSD.

Voltando à comparação com o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), o comercial exibiu uma frase do ex-presidente tucano, dizendo que Dilma ser a mais votada é sinal de que pessoas “são mal informadas” e mostrando notícias de jornais da época em que constam que o Brasil chegou a ser o segundo país do mundo com maior desemprego e a ter 50 milhões de indigentes, comparando com estatísticas atuais: “No governo Dilma, foram registradas as menores taxas de desemprego da história e 22 milhões de pessoas superaram a miséria, tirando o Brasil do mapa da fome da ONU”.
A presidente apareceu uma última vez, apresentando propostas para melhorar a saúde, com o programa Mais Especialidades; a segurança, a partir do modelo de segurança integrada; a educação, com uma reforma no ensino básico; a economia com controle firme da inflação, sem provocar arrocho salarial. “Já somos vanguarda e destaque em políticas sociais, podemos avançar muito mais. Eu fui a única candidata a apresentar propostas concretas para endurecer penas para corrupção”, disse Dilma, propondo reforma política e defendendo “um novo ciclo de desenvolvimento”. A propaganda foi encerrada com falas e imagens de pessoas afetadas de forma positiva por programas sociais. “Nós somos a imagem do novo Brasil”, disse uma das participantes.
Aécio
Com o mesmo tempo de propaganda de Dilma, a de seu adversário começou lembrando de seu avô, Tancredo Neves, primeiro presidente após o fim da ditadura militar, eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral, que morreu antes de assumir o mandato. O comercial destaca a imagem de Aécio a seu lado, salientando que “hoje, quando o país mais precisa, aparece o neto de Tancredo para fazer a grande mudança que o Brasil precisa”.

Em seguida, o candidato apareceu dando parabéns aos eleitores pelo segundo turno, afirmando que quem venceu foi “a imensa vontade de mudança”. A linha de se colocar como representante “das mudanças” foi seguida por Aécio durante todo o programa. “Te convido agora a vir com a gente quem não votou em mim, mas votou na mudança. Todos nós temos que saber superar eventuais diferenças e permanecermos unidos”, disse Aécio, afirmando que “quando o governo não funciona, as coisas ficam muito mais difíceis”.
Com um jingle tocando de fundo, em que são citados todos os estados e termina com “junta este país inteiro, vem meu povo brasileiro, vem mudar essa nação”, apareceram imagens do candidato tucano em comícios, passeatas e cumprimentando apoiadores.
Em seguida, aparece a carreira política de Aécio e uma foto de sua esposa e três filhos. “Aécio acabou com imunidade dos parlamentares para crimes comuns; fez gestão inovadora e corajosa em Minas, que tem a melhor educação fundamental do Brasil. Saiu de seu governo com mais de 92% de aprovação dos mineiros”, destaca o programa, frisando em seguida que ele “está pronto para ser presidente e tem a força política para fazer mudanças que você quer e o Brasil precisa”.
Uma montagem com dois lados, um representando propostas de Aécio e um representando Dilma, afirma que a atual presidente “pegou um país que ia bem e agora está em recessão” e que ela diz que os problemas econômicos são do mundo, enquanto “Aécio diz que são do governo”; Dilma diz que é preciso continuar, e Aécio diz que é preciso mudar.

Então, outros candidatos que concorreram no primeiro turno e agora apoiam Aécio foram mostrados, com destaque para Pastor Everaldo (PSC), quinto colocado nas eleições, e Eduardo Jorge (PV), sexto colocado. Roberto Freire, do PPS, também apareceu. Ainda é mencionado na propaganda que o PSB decidiu apoiar o tucano, ao que ele responde dizendo que passa ” a ter a responsabilidade de, no limite das minhas forças, levar pelo Brasil inteiro o legado de Eduardo Campos”. O programa não cita Marina Silva, que representou o PSB no primeiro turno e ainda não declarou seu apoio.
Por último, é citada a pesquisa do Instituto Paraná e divulgada pela Revista Época, onde Aécio aparece oito pontos à frente de Dilma, com 54% das intenções de voto, junto da frase “quanto mais pessoas conhecem Aécio, mais pessoas confiam”. O resultado é consideravelmente distinto dos das pesquisas divulgadas nesta quinta-feira (9) pelo Ibope e Datafolha, que apontaram empate técnico entre os presidenciáveis.