Mayara Bacelar
Especial Sul21
O 3º Fórum de Autoridades Locais de Periferia (FALP), realizado no município de Canoas em junho do ano passado, teve como produto a formação de um grupo composto por lideranças de regiões metropolitanas de diferentes capitais do planeta, num esforço de agregar e trocar conhecimentos sobre as periferias do mundo. Nesta segunda-feira, em meio à série de atividades associadas ou paralelas ao Fórum Social Temático (FST), o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), recebeu o Comitê Intercontinental de Mobilização da Rede FALP para sua primeira reunião desde o seu estabelecimento.
Com a presença de representantes de nove das 10 cidades espalhadas por cinco continentes que integram a rede, a reunião foi pautada por um balanço do último FALP e pelo debate dos rumos que o comitê deve adotar em suas ações, eventos e discussões para os próximos anos. O prefeito de Canoas destaca que a proposta do encontro é formatar um plano de ação que deve nortear as práticas do grupo entre 2014 e 2016. Entre os eixos que guiaram a conversa, o líder do executivo canoense destaca a necessidade da presença das universidades, a fim de que se forme um observatório com a competência de apontar problemas que afligem às periferias, assim como possíveis soluções para resolvê-los. “Temos problemas de segurança, saúde, educação, mudanças climáticas, água, são muitos desafios colocados às periferias”, assinala Jorge.
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Para o prefeito, a troca de experiências é fundamental para que essas questões possam ser solucionadas. No plano de ação que ainda deve ser divulgado pelo comitê, a integração e intercâmbio de informações sobre as diversas regiões metropolitanas que compõe o grupo devem ganhar protagonismo. Entre os planos em debate, está a criação de uma plataforma virtual para compartilhamento de boas práticas das cidades que compõem o comitê. “Essa cooperação é muito rica, aprendemos muito com essa experiência, com ela cresce o internacionalismo, e as cidades não podem abrir mão disso, precisamos dessa visão internacionalista porque as administrações de esquerda não podem perder esse vínculo com as outras cidades”, argumenta.

O compartilhamento de ideias e projetos é sinalizado como diretriz central para o comitê da FALP. O vice-prefeito da cidade portuguesa de Villa Franca de Xira, Fernando Paulo, observa que embora haja uma grande diversidade de realidades em regiões metropolitanas de diferentes países, há também muitos problemas em comum. A situação exige que as experiências exitosas em periferias de outros países e continentes sejam acessadas, a fim de que possam ser adaptadas ao contexto onde serão reproduzidas. “A grande semente que o FALP gera é o poder de aproximar as periferias umas das outras”, diz Paulo.
O vice-prefeito do município de 150 mil habitantes, localizado a 30 quilômetros da capital Lisboa, relata que esse intercâmbio é observado em Villa Franca de Xira na prática. Há cerca de três anos, a cidade vem experimentando a implementação do Orçamento Participativo (OP). Paulo ressalta que esse modelo de participação política não é uma tradição de sua região, por isso considera essencial o a troca de experiência com Porto Alegre e seus 25 anos de OP. “Por isso é muito importante entender como Porto Alegre faz para que nós possamos melhorar nossa ação nessa área, começamos há três anos e temos procurado habituar as pessoas com essa forma de participação, mas apenas 30 municípios portugueses têm OP”, calcula o vice-prefeito.