

Samir Oliveira
O Bloco de Luta pelo Transporte Público decidiu, em assembleia realizada na noite desta terça-feira (4), convocar um novo ato em apoio à greve dos rodoviários de Porto Alegre na quinta-feira (6). Na semana passada, o grupo já havia realizado um protesto em conjunto com a categoria, que está mobilizada há 10 dias.
Desta vez, a manifestação terá início às 17h – e não às 18h, como normalmente ocorre -, em frente à prefeitura. O motivo do horário é a realização de uma panfletagem pelo Centro da Capital. A intenção dos ativistas é dialogar com a população a respeito da greve, alterando que a raiva pela ausência de transporte público na cidade deve ser direcionada aos empresários e à prefeitura, e não aos trabalhadores rodoviários.
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Além disso, desta vez o protesto do Bloco possui um outro alvo: a Justiça do Trabalho. Os manifestantes entendem que a Justiça está “pondo a faca no pescoço” dos rodoviários e não está realizando uma mediação isenta entre as partes. Por isso, a intenção inicial é que a marcha do protesto vá até a sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na esquina das avenidas Praia de Belas e Ipiranga.
“Desde o início da greve os rodoviários já lutavam contra os empresários e a prefeitura. Agora, ganharam mais um inimigo: o Judiciário, que está atuando com a faca no pescoço dos rodoviários, fazendo o jogo do patrão. Queremos denunciar essa postura”, avisa Lucas Fogaça, militante da Juventude do PSTU e integrante do Bloco de Luta.
Entretanto, a definição de marchar até o TRT está sujeita a mudanças, já que na tarde desta quarta-feira (5) foi confirmado que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) irá julgar na quinta-feira (6), às 16h, o relatório de inspeção nas planilhas de reajuste tarifário. Isso pode fazer com que o Bloco se dirija à sede do órgão para pressionar pela aprovação do trabalho feito pelos auditores. A decisão sobre o trajeto só deverá ocorrer na quinta-feira, no início da marcha.
Lucas comenta, ainda, que a assembleia do Bloco na terça-feira debateu também o relatório dos auditores do TCE sobre o processo e a decisão do Tribunal de Justiça (TJ-RS) que determina que a prefeitura faça uma licitação no transporte público em até 30 dias. Outra definição da assembleia foi a necessidade de se reforçar o apoio aos piquetes que os rodoviários organizam nas garagens, diante das ações anunciadas pelos empresários recentemente, como corte no ponto dos dias parados, extinção do plano de saúde e ameaças de demissões. “Eu estive hoje na SOPAL e o assédio dos empresários foi muito grande para cima dos rodoviários. É mais importante do que nunca fortalecermos os piquetes”, considera Lucas.
Via Campesina divulga nota em apoio à greve dos rodoviários
A Via Campesina divulgou nesta quarta-feira uma nota em apoio e solidariedade aos rodoviários de Porto Alegre, que estão em greve há 10 dias. Veja abaixo a íntegra da manifestação.
Nota da Via Campesina em apoio e solidariedade à Greve dos trabalhadores Rodoviários do Transporte Público de Porto Alegre/RS
Os movimentos sociais camponeses do Rio Grande do Sul, articulados pela Via Campesina do Brasil (MPA, MAB, MST, MMC, FEAB, CPT), vem por meio desta manifestar nosso apoio e solidariedade à greve dos Trabalhadores Rodoviários de Porto Alegre.
As vitórias que a classe trabalhadora logrou diante dos patrões foram construídas com processos de Luta e quando os trabalhadores se organizam para lutar, pela garantia e ampliação de direitos, deixam explicitas as contradições entre os que produzem a riqueza e os que se apropriam destas riquezas explorando o trabalho alheio.
O direito de ir e vir deve ser garantido a toda a população, vivemos no Brasil um processo de urbanização e concentração nas metrópoles e a mobilidade urbana é dependente do serviço de transporte público, no entanto este serviço se converteu em mercadoria, explorada por grupos econômicos e acobertada pelos executivos municipais, as Prefeituras. Para se locomover é preciso pagar caro.
Denunciamos as manobras realizadas pela Prefeitura municipal de Porto Alegre, pelos empresários que exploram as concessões públicas do transporte e pela RBS TV, que difamam e distorcem as informações sobre a greve, apontando os trabalhadores do transporte como responsáveis pelos transtornos na cidade, colocando a população contra os trabalhadores Rodoviários. Os verdadeiros responsáveis pelos transtornos são os empresários e a prefeitura que não atendem as reivindicações dos trabalhadores e não garantem o serviço de transporte público.
A greve é uma ferramenta de luta das trabalhadoras e dos trabalhadores assegurado pela constituição do nosso país, denunciamos também o poder judiciário que se coloca ao lado dos patrões e não garante os direitos dos trabalhadores.
Os camponeses do Rio Grande do Sul Prestam Todo apoio e solidariedade à greve das trabalhadoras e dos trabalhadores do transporte público de Porto Alegre.
Transporte público não é mercadoria, por um transporte público gratuito e de qualidade.
Seguimos firmes e fortes na Luta,
Até a vitória!
Saudações Socialistas!
Via Campesina Rio Grande do Sul