
Samir Oliveira
Um grupo de cerca de 30 pessoas tentou marchar até o estádio Beira Rio na tarde deste domingo (15), quando ocorreu o primeiro jogo da Copa do Mundo em Porto Alegre. Seguidos de perto por um intenso aparato policial, os manifestantes não conseguiram se dirigir às proximidades do local onde acontecia a disputa entre França e Honduras.
Em torno de cem pessoas começaram a se reunir a parir das 13h em frente ao Monumento ao Expedicionário, na Redenção. Trata-se de um grupo que não concordou com a deliberação da assembleia do Bloco de Luta pelo Transporte Público na sexta-feira (13) – quando a maioria dos integrantes havia decidido pela realização de um ato com intervenções culturais na Redenção, sem marcha.
Leia mais:
– “Fifa, go home”: cerca de mil pessoas protestam contra a Copa em Porto Alegre
No início, estenderam uma faixa com os dizeres “Não vai ter Copa” e um varal com fotos dos últimos protestos. Em seguida, hastearam uma bandeira anarquista no mastro central do monumento e algumas pessoas fizeram uma roda de futebol, jogando com uma bola branca em que estava desenhada a letra A.

Por volta das 15h, o grupo fez uma pequena e rápida assembleia para decidir os próximos passos do ato. Como não houve acordo entre os que desejavam marchar até o Beira Rio e os que desejavam permanecer no parque, os manifestantes se dividiram.
Enquanto um grupo de cerca de 30 pessoas iniciava a marcha pela Rua José Bonifácio, o restante ensaiava um alerta ao som de Raul Seixas, em uma roda de violão: “Eu não sou besta pra tirar onda de herói, sou vacinado, sou cowboy, cowboy fora da lei”.
Os manifestantes que decidiram marchar iniciaram a caminhada cantando: “No Beira Rio, quando a bola rola, não tem saúde, não tem transporte, não tem escola”. A intenção dos ativistas era seguir pela Avenida João Pessoa até a Avenida Ipiranga, de onde iriam para a esquina com a Avenida Borges de Medeiros, nas proximidades da Fan Fest da FIFA.

Contudo, o grupo já se deparou com uma barreira policial na esquina da João Pessoa com a Venâncio Aires. Com isso, seguiram pela Vênâncio até a esquina com a Lima e Silva.
A partir daí, a marcha foi acompanhada de forma intensa pela Brigada Militar, que cercou os manifestantes ao longo de todo o trajeto. Todas as ruas que faziam esquina com a Lima e Silva contavam com uma barreira policial. Uma tropa mascarada fazia o acompanhamento mais próximo do grupo, seguida pela cavalaria e pelo pelotão de choque.
Havia policiais mascarados com granadas nas mãos e câmeras do tipo GoPro nos ombros e capacetes. O efetivo para a perseguição – que era visivelmente superior à quantidade manifestantes, estimados em cerca de 30 pessoas – também contou com o apoio de motos, viaturas, camburões e um helicóptero.

Ao longo da Rua Lima e Silva, muitas vezes ocorreram discussões entre os frequentadores dos bares e os manifestantes. Muitos fregueses, em pleno domingo, sentados nas mesas dos bares, xingavam os jovens de “vagabundos” e os mandavam ir trabalhar. Vários defenderam, ainda, que a Brigada Militar “descesse o sarrafo” no grupo e aplaudiram os policiais que passavam.
Os manifestantes permaneceram alguns minutos parados na esquina da Lima e Silva com a Avenida Loureiro da Silva, quando duas meninas se deitaram no asfalto e deram um longo beijo. “Vocês podem impedir a marcha de continuar, mas a revolução do amor ninguém vai segurar”, disse um ativista. Como havia barreiras policiais em todos os lados, o grupo não teve outra alternativa a não ser voltar para a Redenção.
Enquanto isso, no Anfiteatro Pôr do Sol, milhares de pessoas assistiam ao jogo que terminou com três gols da França e a derrota de Honduras.
Confira abaixo mais fotos do clima de Porto Alegre neste domingo de Copa, com protesto e torcedores na Fan Fest































