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10 de abril de 2015
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21:28

Família vai à Assembleia cobrar apuração sobre morte do pai

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Em correspondência entregue à Comissão de Direitos Humanos,  os familiares de Adair Wiest pedem  providências no sentido de ver esclarecida a  ausência de apuração  sobre a morte do pai por atropelamento.
Em correspondência entregue à Comissão de Direitos Humanos, os familiares de Adair Wiest pedem providências no sentido de ver esclarecida a ausência de apuração sobre a morte do pai por atropelamento.

Marco Weissheimer

Familiares de Adair Wiest, falecido em 16 de maio de 2007, em função de ferimentos causados por atropelamento na altura do km 230 da BR 116, por um veículo dirigido pelo hoje deputado estadual Marcel Van Hattem (PP), estiveram esta semana na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul visitando integrantes da Comissão de Direitos Humanos. Em correspondência entregue aos parlamentares que integram essa comissão, os familiares de Wiest pedem “imediatas providências no sentido de ver esclarecida a total ausência de apuração do crime de homicídio culposo, em decorrência do referido acidente de trânsito”. Ainda segundo a família, o atropelamento, ocorrido em 9 de outubro de 2006, provocou graves lesões em Adair Wiest, levando-a ao coma imediato e à morte sete meses depois.

Na correspondência entregue aos deputados, a família reclama que “jamais recebeu das autoridades competentes a respectiva resposta quanto à responsabilização criminal do causador do acidente, cuja culpa já foi assentada pelo Juízo Cível da Comarca de Ivoti, decisão mantida pelo Tribunal de Justiça do Estado”. Além disso, assinala que Marcel Van Hattem, até o momento, não prestou “qualquer auxílio de ordem financeira à família, embora devidamente condenado”. Os familiares de Wiest também manifestam estranheza que o inquérito tenha sido encaminhado ao Fórum de Ivoti “apenas 5 anos após o fato, sem qualquer indiciamento do autor do acidente pelas graves lesões, e o que se afigura mais grave, sem a notícia da morte da vítima e a consequente apuração do homicídio em tese”.

O requerimento da Família Wiest à Comissão de Direitos Humanos solicita ainda esclarecimentos “acerca da total ausência de apuração do crime de homicídio em face do acidente de trânsito, já que decorridos quase dez anos do acidente, bem como as necessárias providências no sentido de se promover uma resposta adequada a nossa família pela perda do nosso pai e marido, deixando-nos completamente desassistidos emocional e financeiramente”. “O que não se pode”, conclui o requerimento, “é deixar transparecer à sociedade a impunidade por crime de tal jaez, onde se retira a vida de um pai de um pai de família e, pela burocracia estatal, ninguém é punido”. A correspondência, com data de 7 de abril de 2015, é assinada por Anelise Wiest, Adane Wiest e Alisson Wiest.  Adane e Alisson, filha e filho de Adair, também publicaram o documento em suas páginas no Facebook, pedindo justiça para o pai.

Em sua defesa, os advogados de Marcel van Hattem alegaram que Adair Wiest teria adentrado na pista “de forma abrupta, sem observar o fluxo de veículos existentes no local”. Também sustentaram que trafegava a uma “velocidade compatível” quando teria sido surpreendido pela vítima. Testemunhas dos familiares, no entanto, afirmaram que o veículo estava em velocidade aproximada de 70km/h quando a velocidade máxima permitida no trecho era de 40 km/h e que seu condutor teria perdido o controle do mesmo atingindo a vítima no acostamento.

"Foi um acidente de trânsito. Causa-me estranheza que um caso de acidente de trânsito seja levado à Comissão de Direitos Humanos", disse van Hattem ao Sul21 (Foto: Divulgação AL/RS)
“Foi um acidente de trânsito. Causa-me estranheza que um caso de acidente de trânsito seja levado à Comissão de Direitos Humanos”, disse van Hattem ao Sul21 (Foto: Divulgação AL/RS)

O deputado Marcel van Hattem disse ao Sul21 que o Poder Judiciário pediu o arquivamento do caso por entender que não existem elementos para justificar sua continuidade. “Foi um acidente de trânsito. Causa-me estranheza que um caso de acidente de trânsito seja levado à Comissão de Direitos Humanos. Causa-me estranheza também que isso ocorra agora que sou deputado”, afirmou. Na avaliação do parlamentar, não cabe à Comissão de Direitos Humanos discutir um caso como este. “Acho que é uma má orientação dos advogados a seus clientes”, assinalou ainda van Hattem.

Adane Wiest contestou a informação de que o caso teria sido encerrado. Segundo ela, há um processo cível em curso, no qual a família cobra indenização e danos morais pela morte do pai, que está tramitando em Brasília.


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