

Mais de 25 grupos sociais, comitês e organizações da sociedade civil — como a Frente em Defesa do Povo Palestino, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a Assisp (Associação Islâmica de São Paulo) e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) — se juntaram ao coro de críticos ao show dos músicos Gilberto Gil e Caetano Veloso em Tel Aviv, previsto para 28 de julho.
Em carta publicada na sexta-feira (12/06), movimentos sociais recordam o legado de resistência dos dois artistas durante a ditadura civil-militar brasileira e expressam incômodo com a apresentação marcada na capital israelense, já que coincide com o aniversário de um ano da operação israelense “Margem Protetora”. Durante 70 dias de conflito na Faixa de Gaza, mais de 2.200 palestinos — a maioria, civis — morreram.
Lei mais:
Em carta, Roger Waters pede que Caetano e Gil cancelem shows em Israel
“A repressão, opressão e limpeza étnica seguem na Cisjordânia, Faixa de Gaza e mesmo dentro de Israel. Imigrantes e refugiados africanos no país também sofrem as consequências de políticas racistas institucionalizadas por esse Estado”, denunciam ativistas brasileiros na carta.
“Performances em Israel só servem para normalizar uma situação injusta e igualar o ocupante ao ocupado e o opressor ao oprimido, promovendo, portanto, a continuação da injustiça. É apoio, mesmo que tácito, às políticas de apartheid, colonização e ocupação perpetradas por Israel”, acrescentam.
Juntos, todos expressam apoio ao movimento global BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), especialmente à campanha brasileira “Tropicália não combina com apartheid”. O documento vem uma semana após Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Humanos do Brasil, enviar uma carta aos músicos com pedido semelhante de cancelamento.
Convidando Caetano e Gil para fazer parte da campanha da BDS, os movimentos sociais brasileiros ainda lembram artistas que vêm se recusando a tocar em Israel, como Elvis Costello, Carlos Santana, Roger Waters, Devendra Banhart, os Pixies e, mais recentemente, a cantora Lauryn Hill.
“A participação em um show em Israel não é um ato neutro, desprovido de qualquer mensagem política. Ao participar de um evento em Israel, vocês estarão apoiando a campanha israelense para encobrir violações do direito internacional e projetar uma imagem falsa de normalidade”, argumentam.