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11 de setembro de 2015
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18:49

Trabalhadores de estatais lançam frente unificada contra privatizações no RS

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Foto: Caroline Ferraz/Sul21
Sindicalistas fizeram um “salchipão” para distribuir durante o ato | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Representantes dos trabalhadores das três principais empresas estatais do Rio Grande Sul, com apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), promoveram nesta sexta-feira (11) o lançamento da Frente em Defesa do Patrimônio Público para reforçar a luta contra a privatização do Banrisul, da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e de outras companhias do Estado. O ato foi realizado no dia em que o Banrisul completou 87 anos, por isso trabalhadores organizaram uma celebração e promoveram um abraço coletivo ao redor da agência central do banco em Porto Alegre, na Praça da Alfândega.

Carlos Alberto Pauletto, coordenador da CUT metropolitana, explicou que a frente é o resultado de uma união entre as categorias para lutar contra a privatização das estatais. Segundo ele, os trabalhadores entendem que o governo irá tentar vender para a população a ideia de que será preciso privatizar Banrisul, CEEE e Corsan – as três estatais gaúchas de maior valor de mercado – para conseguir oferecer saúde, segurança e educação. “O que é uma mentira porque já foi vendida a CRT, metade da CEEE, e não resolveu o problema do Estado, pelo contrário, tornou o serviço caro e precarizado”, disse.

Ato foi realizado nesta sexta-feira para marcar o aniversário dos 87 anos do Banrisul | Foto: Caroline Ferraz/Sul21
Ato foi realizado nesta sexta-feira para marcar o aniversário dos 87 anos do Banrisul | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

Pauletto explicou que a frente terá três principais focos de ação: fazer um trabalho interno junto aos trabalhadores das estatais, dialogar com a população e fazer um trabalho de pressão junto aos deputados estaduais. “Tudo vai se encaminhar para a Assembleia Legislativa, então nós vamos meter uma pressão muito forte, porque nós elegemos esses caras e eles se tornam carrascos da população gaúcha”, afirmou.

No ato, que iniciou ao meio-dia, os sindicalistas assaram cerca de 80 kg de linguiça para fazer “salchipão” para cerca de 500 pessoas e também distribuíram pedaços de bolo que simbolizaram os 87 anos do Banrisul. Além disso, lançaram no ar balões em amarelo, vermelho e verde simbolizando as três estatais.

Leandro Almeida, presidente do Sindiágua, que representa os trabalhadores da Corsan, reforçou que um dos principais objetivos da frente é conscientizar a população. Para isso, o grupo distribuiu camisetas, adesivos e panfletos aos pedestres que passavam pelo ato. Também será realizada uma campanha de marketing externo e através das redes sociais. “A sociedade gaúcha, muitas vezes, ouve aquilo que o governo fala e aquilo que a mídia disponibiliza, mas não tem espaço para o trabalhador”, disse Almeida.

Foto: Caroline Ferraz/Sul21
Ato foi realizado em frente à agência do Banrisul na Praça da Alfândega | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

Plebiscito para venda de estatais

Atualmente, para que uma estatal gaúcha possa ser privatizada, é preciso que esta venda para a iniciativa privada seja aprovada pela população em um plebiscito. Segundo Everton Gimenis, presidente do Sindicato dos Bancários (SindBancários), um dos objetivos da frente é justamente conscientizar a população para o caso de esse plebiscito vir a ser realizado.

“Se tiver plebiscito, nós temos que convencer a população de que a privatização dessas empresas não é boa para o povo. Queremos fazer um diálogo sobre a importância do serviço público e sobre quem sai perdendo com o desmonte”, disse Gimenis. “Nós achamos que o Estado mínimo só serve para a burguesia, porque quem não precisa de serviço público é o patrão, o trabalhador precisa de segurança pública, de saúde pública, de um banco público que ofereça financiamentos para pequenos agricultores”.

Foto: Caroline Ferraz/Sul21
Organizadores distribuíram camisetas para os participantes do ato | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

União histórica

A exemplo dos servidores do Executivo estadual, que estão há meses organizados em torno de uma pauta única de reivindicações, a Frente em Defesa do Patrimônio Público representa um encontro inédito por ser a primeira vez que os trabalhadores das empresas estatais unificam suas pautas.

“Nós criamos essa frente, a exemplo dos servidores que estão fazendo uma luta unificada e está dando muito certo, a princípio com os três grandes sindicatos que tem essas empresas”, disse Gimenis, acrescentando, porém, que espera que trabalhadores de outras estatais, como da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e da Companhia de Gás do Estado (Sulgás), também se unam ao movimento.

Ana Maria Spadori, vice-presidente do Senergisul, que representa os trabalhadores da CEEE, reforçou a importância da união destas dessas categorias. “É um momento histórico porque nós nunca conseguimos mobilizar as categorias das empresas mistas, de administração indireta, que estão vindo juntas nessa frente em defesa do patrimônio público do RS”, disse. “A gente entendeu que não tem como brigar contra o poder sozinhos e isolados”.

Foto: Caroline Ferraz/Sul21
Manifestantes contaram com o apoio de caminhão de som | Foto: Caroline Ferraz/Sul21
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Ato teve o lançamento de balões ao céu | Foto: Caroline Ferraz/Sul21
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Dezenas de trabalhadores participaram do ato | Foto: Caroline Ferraz/Sul21


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