

Luís Eduardo Gomes
Representantes das principais centrais sindicais do Estado se reuniram nesta terça com os secretários estaduais Cristiano Tatsch, do Planejamento, Mobilidade e Desenvolvimento Regional, e Fábio Branco, do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, para discutir o reajuste do salário mínimo regional, cuja proposta deve ser encaminhada pelo governo de José Ivo Sartori para a Assembleia Legislativa. A reunião, no entanto, não trouxe avanços.
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Antes do encontro de ontem, as centrais já tinham se reunido com o chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, e, em duas oportunidades, com o secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social, Miki Breier, sem também receberem qualquer proposta do governo.
“Na verdade, o governo está enrolando”, disse Antônio Guntzel, secretário de relações e trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS). “Isso tem nos causado uma série de preocupações. Nós estamos já no dia 25 e tememos que esse projeto não vá a votação esse ano. Tu não vê por parte do governo o empenho necessário”.
O temor das centrais é que o projeto de reajuste do piso regional só seja encaminhado pelo governo do Estado para a Assembleia Legislativa após o recesso parlamentar da virada do ano, o que faria com que ele fosse votado após 1º de fevereiro, quando tradicionalmente passa a valer o reajuste do salário mínimo regional. Caso isso se confirme, ainda seria possível que os trabalhadores recebessem o reajuste retroativo ao início de fevereiro, mas, segundo Guntzel, o temor é que esse tempo possa ser perdido.
As centrais sindicais reivindicam aumento de 11,55%, referente ao INPC acumulado dos últimos 12 meses, entre 1º de novembro de 2014 e 31 de outubro de 2015, que foi de 10,33%, e um percentual de ganho real para recolocar o piso regional 30% acima do mínimo nacional. Por outro lado, as federações que representam empresários defendem que, dada a situação da economia gaúcha, não seria possível conceder qualquer reajuste do mínimo para o próximo ano.
No encontro desta terça, o economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-RS), Ricardo Franzoi, afirmou que o reajuste do mínimo não travaria a economia do Estado, como temem os empresários, e que os Estados que possuem um piso diferenciado (RS, SC, PR, SP E RJ) estão entre os mais desenvolvidos do País. “Os números do PIB de 2013 revelam que o PR passou o RS e assumiu o quarto lugar, sendo que o valor pago aos paranaenses é superior ao dos gaúchos”, disse Franzoi.
Guntzel também destacou que a valorização do piso regional ajudar a distribuir renda, reduzir desigualdades e aquecer a economia gaúcha. “Mais salário significa mais consumo e mais produção, trazendo crescimento econômico e social e aumento da arrecadação do Estado. Todos saem ganhando”, afirmou.
Apesar de não dar qualquer indício de que o governo irá apresentar uma proposta em breve, o secretário Branco prometeu agilizar um encontro entre as centrais sindicais e as federações empresariais, com a participação do governo, para que as negociações possam avançar.