
Da RBA
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu o direito de livre manifestação e disse ter visto com preocupação as cenas de violência da Polícia Militar do governo Geraldo Alckmin (PSDB) no protesto contra o aumento da tarifa do transporte público, nesta quarta-feira (13). “Nós vimos com muita preocupação. As cenas são muito incompatíveis com a cidade de São Paulo que a gente deseja. São Paulo é palco de manifestações. Este ano passado tivemos várias com 40 mil pessoas, 30 mil pessoas, sem incidentes. Nós queremos que a nossa cidade continue sendo um palco de democracia onde as pessoas possam se manifestar livremente”, afirmou Haddad, segundo o portal G1.
Haddad disse que conversou com o governador Alckmin, responsável pela PM. E pediu que ele atue junto com a prefeitura no pedido para que o Ministério Público Estadual medeie a relação entre a Polícia Militar e os ativistas. “Tenho muita confiança no envolvimento do Ministério público. Agora, com apoio do governo do estado nesta mesma direção, tenho muita confiança que o MP possa fazer uma boa mediação, repelindo toda e qualquer forma de violência”, afirmou.
A Polícia Militar (PM) reprimiu brutalmente os manifestantes na noite de ontem, sob argumento de que os manifestantes não respeitaram os “preceitos legais” de informar as autoridades sobre a realização de atos públicos. O Movimento Passe Livre (MPL) queria descer a Avenida Rebouças até o Largo da Batata, mas a polícia determinou que o trajeto seria pela Rua da Consolação até a praça da República. Sem acordo, os manifestantes forçaram o cordão de isolamento tentando iniciar a marcha.
Os PMs utilizaram cassetetes, balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para reprimir o protesto. Os agentes haviam cercado totalmente os manifestantes, que não tinham para onde correr.
Dezenas de manifestantes e mesmo pessoas que apenas passavam pela região ficaram feridos com estilhaços de bombas, balas de borracha e pancadas de cassetete. Uma jovem que pediu para não ser identificada quebrou o pé e foi levada ao hospital pelo Corpo de Bombeiros. “Nós não fizemos nada. Entramos em um prédio e fomos cercados. Levantamos as mãos e pedimos para deixar a gente sair. Mas quando deixamos o prédios fomos atacados com bombas e cassetetes, sem ter pra onde correr”, relatou o técnico em eletrônica Pedro Alexandre de Brito.
Durante pelo menos 30 minutos o bombardeio foi constante na Avenida Paulista. A PM perseguiu os manifestantes pelas ruas do entorno, que também estavam cercadas. Os ativistas alcançados eram agredidos. Ao final, 13 pessoas foram detidas e dezenas ficaram feridas.