
Luís Eduardo Gomes
Qualquer um que embarque no Cisne Branco para dar uma volta pelo Guaíba pode desfrutar de uma bela vista de Porto Alegre. Foi este o cenário que serviu de inspiração para uma mostra fotográfica que pode ser conferida até o fim de fevereiro por quem faz o passeio no barco turístico. A exposição, em cartaz desde meados de dezembro, teve a temporada fluvial estendida em razão da boa repercussão. A mostra traz 16 fotos de Porto Alegre impressas diretamente em PVC — técnica que permite as imagens resistirem ao calor do verão porto-alegrense — feitas por Eduardo Scaravaglione a partir do Guaíba.
Segundo Scaravaglione, a ideia para a exposição foi tentar resgatar um pouco da vista de Porto Alegre, a partir de um outro ângulo. “Em vez de fazer da cena urbana, como é o normal, fazer a partir do Guaíba”.

Para realizar as fotos, Scaravaglione fez uma série de três viagens com o Cisne Branco em diferentes horários, de manhã, de tarde e ao pôr-do-sol. Ele também fez uma viagem maior pelo Delta do Jacuí.
O artista diz que um dos principais desafios foi justamente colocar as fotos para exposição no barco. “O barco já tem vários atrativos. A própria janela é um grande atrativo”, afirma.
Para tentar contornar a “forte concorrência” da vista, as imagens foram colocadas nos espaços vazios das paredes internas do barco e em espaços como o bar e a copa. Na divisória entre o espaço com as mesas para os visitantes e o bar, há duas imagens, separadas por um vão, dos dois principais estádios de futebol da capital vistos do Guaíba, Arena e Beira-Rio.
“A gente escolheu alguns locais para tentar direcionar e, ao mesmo tempo, não causar poluição visual. Tentou também botar as fotos em tamanhos diversos”, diz o artista.
O Cisne Branco é o mais tradicional barco turístico de Porto Alegre. Com as obras na Orla do Guaíba, atualmente ele pode ser acessado no armazém B3 do Cais do Porto – Av. Mauá, 1050. De terça a domingo, ele percorre as principais ilhas do Guaíba em viagens de 1 hora de duração, com saídas às 10h30min, 15h e 16h30min e 18h (alguns horários estão sujeito à lotação mínima de 20 adultos). O preço do ingresso é R$ 30.

Redescoberta do Guaíba
Scaravaglione explica que, desde o início, teve a ideia de fazer sua exposição sobre Porto Alegre em parceria com o Cisne Branco. Um dos objetivos, segundo ele, é justamente tentar incentivar que os porto-alegrenses e turistas redescubram o Guaíba e voltem a explorá-lo, o que atualmente só é possível graças a poucas atrações turísticas, como o próprio Cisne Branco, para quem tem acesso às praias balneáveis no extremo sul da cidade ou aos restritos clubes de vela e iatismo na região do bairro Assunção.
“Temos um manancial imenso que não é tão explorado pelo turismo, seja por falta de iniciativas ou até mesmo por falta de apoio do poder público para direcionar o porto-alegrense e quem vem de fora para o Guaíba. Queríamos que as pessoas saíssem. Tentar instigar o pessoal a ir ali, fazer o passeio”, afirma.
O artista considera que a cidade “dormiu” para o rio, mas, ao mesmo tempo, diz acreditar que ela vive agora uma redescoberta. “Eu acho que a gente está numa redescoberta. Eu acho que parece que caiu num sono profundo e começa a despertar a partir de algumas ações. Tem a questão do Cais Mauá, polêmica ou não, vai mudar a cidade. A partir daí, vai começar a reviver”.




