

Débora Fogliatto
A carceragem da 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre (DPPA), no Palácio da Polícia, foi interditada nesta segunda-feira (29), após uma rebelião promovida pelos detidos no local. Os presos provisórios teriam tentado colocar fogo no local, em uma briga generalizada em que também houve tentativa de homicídio, segundo o sindicato dos escrivães, inspetores e investigadores da polícia (Ugeirm). Agora, porém, os 14 detidos que estavam lá aguardam em outras delegacias, o que também não é o cenário ideal, segundo o sindicato.
Fábio Castro, vice-presidente da Ugeirm, relata que esteve durante a tarde no Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), onde se deparou com 19 presos, além de mais dois chegando ao local. “Retiram eles da 2ª DPPA e levam para onde também não deviam estar, que são outras delegacias. Não sabemos como vai ficar isso”, afirmou.
Essa situação, que vem se repetindo há meses, acontece devido à falta de vagas nos presídios gaúchos. O Instituto Penal de Canoas, inaugurado com a promessa de desafogar o Presídio Central de Porto Alegre (PCPA), por enquanto só conta com uma ala aberta e cerca de cem presos. O PCPA, por determinação judicial, não pode abrigar mais de 3.650 detentos — a lotação é de 1.800.
A gravidade da situação fez com que pelo menos um preso tivesse que aguardar em uma viatura até ser enviado para o presídio. A Ugeirm pretende discutir com a categoria, especialmente os próprios servidores das delegacias, que recebem presos, sobre as alternativas para a situação. “O pessoal tentou botar fogo nas celas, não morreu gente ali por pouco. Os servidores e presos correm riscos, assim como a população, porque não tem condições de manter nas carceragens. A segurança é complicada, servidor que trabalha ali não é um guarda penitenciário”, destaca Fábio.