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22 de novembro de 2016
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16:22

#16diasdeativismo: Mulheres debatem violência de gênero nas redes e nas ruas

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
#16diasdeativismo: Mulheres debatem violência de gênero nas redes e nas ruas
#16diasdeativismo: Mulheres debatem violência de gênero nas redes e nas ruas
 Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: Joana Berwanger/Sul21

Da Redação

No dia 25 de novembro de 1960, as três irmãs Mirabal – Patria, Minerva e Maria – seguiam por uma estrada rural da República Dominicana a caminho de visitar os maridos de duas delas na prisão. Assim como eles, as irmãs Mirabal também eram figuras perseguidas e foram torturadas pela ditadura militar de Rafael Trujillo. No meio do caminho, o jipe no qual viajavam foi interceptado por homens trabalhando para o presidente. As Mirabal e o motorista foram assassinadas não muito longe da estrada, em uma plantação de cana-de-açúcar, e tiveram seus corpos jogados em um penhasco para simular um acidente.

Dez anos antes, no dia 10 de dezembro de 1950, a Organização das Nações Unidas (ONU), escolheu a data da assinatura da Declaração Universal de Direitos Humanos como Dia Mundial para refletir sobre o assunto. A mesma declaração que garante direitos a todo ser humano independente de “raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política”. E que “todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”.

Pela ponte entre o dia em homenagem às irmãs Mirabal – marcado como Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher – e o dia dos direitos humanos, um congresso de feministas realizado em 1991 decidiu escolher as duas semanas entre eles como época de conscientização sobre a violência de gênero em todo o mundo. Desde então, mais de 160 países já aderiram aos 16 dias de ativismo nas redes e nas ruas.

“A ideia é conscientizar as pessoas do que é a violência contra a mulher, sensibilizar as instituições a lutar pelo fim dessa violência, terminar com a complacência a ela, fazer com que as próprias mulheres se tornem pró-ativas diante destes episódios. A campanha serve para conscientizar sobre essa violência que vai desde o assédio nas ruas até o caso extremo de um feminicídio”, explica a ouvidora da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, Denise Dora.

Os números de violência contra a mulher no Brasil mostram o quanto ainda se precisa falar sobre o assunto. Segundo dados da extinta Secretaria de Políticas para as Mulheres, a cada 7 minutos uma mulher é vítima de violência no país. O Mapa da Violência revela ainda que em 2013, por exemplo, 13 mulheres foram assassinadas por dia no Brasil; metade delas pelas mãos de familiares. O número de mulheres vítimas de assassinato cresceu 21% na última década.

“As mortes de mulheres produz corrosão social, quando uma mulher, mãe é assassinada, os filhos ficam órfãos é todo um núcleo que se desestabiliza a partir dela. A violência contra as mulheres tem um impacto para futuras gerações que é muito forte. Isso pode ser mudado, é totalmente cultural, só é uma questão de atitude”, afirma Denise Dora.

Entre as ações programadas para os dias de ativismo no Estado, está a presença de uma unidade móvel da Defensoria Pública em frente à Prefeitura de Porto Alegre, para oferecer orientação jurídica às mulheres. Além disso, caminhadas, debates de filmes e panfletos informativos também estão incluídos na programação.

“A gente tem que lutar pela sociedade que queremos, nós mulheres queremos uma sociedade sem violência. Para isso, temos que lutar nas escolas, no ambiente de trabalho, em todo lugar, basta que os homens não matem suas companheiras. Esse é o chamado que queremos fazer para a sociedade. O outro chamado é para o Estado, que também tem que colaborar. Além de leis ameaçadas por esse Congresso horroroso que temos, temos de cobrar como o Estado aplica as normas que já estão aí”, diz Denise.


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