
Luca Rohan
As linhas fortes de um dos quadros mais importantes da obra do pintor espanhol Pablo Picasso ganharam novas interpretações feitas por adolescentes internos da Comunidade Socioeducativa (CSE) da Fundação de Apoio Socioeducativo (Fase). As versões da obra Guernica, que retrata o bombardeio sofrido pela cidade espanhola no auge da Guerra Civil Espanhola, ganharam detalhes suaves como um periquito ou uma flor. O trabalho pode ser conferido até o final do mês na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

O professor Aloízio Pedersen, artista visual que implantou o projeto Antinclusão, explica que as releituras foram pintadas por jovens da Ala A da CSE da Fase, alunos da Escola Estadual Tom Jobim, que desenharam as imagens em conjunto e depois as pintaram individualmente em módulos. Cada aluno acrescentou ao trabalho algum elemento associado às vivências dos adolescentes, o que foi debatido durante o processo das pinturas. “Eu trabalho a violência de uma forma metodologia para que esses jovens possam extravasar suas dores e angustias nas obras em forma de arte”, explica Pedersen.
A exposição com as releituras de três pinturas de Pablo Picasso (além de Guernica, também As Três Dançarinas e Les Demoiselles D’Avignon) reúne, no total, 23 quadros, sendo 10 inspirados no pintor espanhol e outros 13 que remetem ao pintor expressionista abstrato norte-americano Jackson Pollock. As releituras de Pollock são de alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus, da Zona Sul. O trabalho fica em exposição no Espaço T Cultural Tereza Franco, no 2º piso da Câmara, até o dia 31 de agosto.
Aloízio Pedersen explica que já desenvolve o trabalho com os menores há pelo menos 12 anos. “Com os mais agressivos eu trabalhei o Guernica. A violência tem que ser enfrentada, não pode ser colocada de lado”, argumenta.
Ele comemora os resultados conquistados com os adolescentes. “No mínimo, o que se constata com a arteterapia é que ela prevê violências dentro da instituição. Tivemos três ocorrências sérias e os únicos que não se envolveram foram os adolescentes do projeto”, conta Pedersen.

O professor explica que trabalha com uma metodologia de signos e símbolos decodificados, dando a liberdade aos participantes do projeto de criar livremente a partir de obras consagradas, como foi o caso com o Guernica.

A exposição pode ser visitada de segundas a sextas-feiras, das 8h às 18h, no Espaço T Cultural Tereza Franco, no 2º piso da Câmara, até o dia 31 de agosto. A entrada é gratuita.
Confira outras fotos da exposição:



