O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) arquivou a denúncia de lesão corporal contra Everton Henrique Goandete, motoboy negro esfaqueado por idoso e preso em abordagem policial por desobediência, em fevereiro de 2024.
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Everton estava parado perto de um prédio na rua Miguel Tostes, no bairro Rio Branco, com outros motoboys. Morador do edifício, Sérgio Kupstaitis, de 71 anos, reclamou da movimentação dos trabalhadores pela janela, desceu e atacou Everton com um canivete. O motoboy foi atingido superficialmente. Everton Henrique foi autuado por desobediência, algemado e levado à delegacia no porta-malas do carro da Brigada Militar, que foi chamada para atender o caso. O agressor recebeu uma “carona” da Brigada para prestar depoimento. A ação policial foi filmada por pessoas no local.
Tanto Sérgio quanto Everton foram denunciados por lesão corporal. Nesta segunda-feira (9), o MPRS arquivou a denúncia contra o entregador, com Kupstaitis pagando um salário mínimo como transação penal. “O que nós esperávamos é que uma situação dessas nunca tivesse acontecido”, diz Ramiro Goulart, advogado do motoboy. “Diante da situação posta, em relação à decisão, eu quero saudar o Ministério Público pela sensibilidade”.
O caso ainda passou por investigação das ações da Brigada. Um Inquérito Policial Militar (IPM) apontou que não houve crime de racismo na atuação dos policiais e que a voz de prisão foi motivada por desacato. A ação por resistência já havia sido arquivada anteriormente. “Como advogado, eu fico satisfeito porque vejo uma luz no Ministério Público, mas ainda aceno que o debate sobre violência institucional e racismo deva continuar”, comenta Goulart.
Segundo seu advogado, Everton demonstrou “satisfação e alívio” com o resultado. Porém, não acredita que a situação esteja totalmente resolvida. “Ele me disse que tem alguns momentos de tensão entre ele e o Sérgio, porque o Everton ainda trabalha por lá”, revela Ramiro.
