Geral
|
19 de maio de 2025
|
18:43

Em meio a emergência por gripe aviária, fiscais agropecuários do RS reclamam de sobrecarga

Profissionais fazem fiscalização da atividade agropecuária no Estado. Foto: Arquivo/Afagro
Profissionais fazem fiscalização da atividade agropecuária no Estado. Foto: Arquivo/Afagro

Enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta uma crise de gripe aviária, com focos em uma granja comercial de Montenegro e no Zoológico de Sapucaia do Sul e um caso sendo investigado em Triunfo, os fiscais agropecuários do estado apontam déficit na força de trabalho e falta de compensação por horas extras.

“Hoje, pela nova reestruturação de carreiras, teríamos 156 vagas que poderiam ser ocupadas por colegas fiscais”, diz Giuliano Suzin, vice-presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do RS (Afagro). Entre 2019 e 2024, 62 fiscais pediram exoneração ou se aposentaram. Para 2025, já está confirmada a saída de mais 23 servidores da categoria. “O pessoal dá conta do serviço, mas sobrecarrega. Sobrecarrega todo mundo. A gente dá conta do serviço porque o pessoal gosta muito do que faz”, comenta Suzin.

Outra reinvindicação da Afagro é a questão envolvendo trabalho fora do expediente. Em casos de notificação de doenças como o ocorrido na última semana em Montenegro e Sapucaia do Sul, o turno, divido entre fiscais, pode tomar o dia inteiro. “O pessoal não para. As equipes estão lá 24 horas por dia sem hora extra ou compensação. O pessoal gosta do que faz, mas amor não segura ninguém”, destaca Suzin. A Afagro estima que os fiscais trabalharam em 90 finais de semana ou feriados em 2023.

Neste ano, o governo do Estado promoveu uma reestruturação na carreira do fiscal agropecuário. A principal medida foi o reajuste do salário, que estava defasado em 70% em relação à inflação. Porém, não foi oficializada a remuneração por hora extra, seja o pagamento ou contabilização em banco de horas para folgas do fiscal. Na reestruturação, consta compensação prevista em lei. Giuliano comenta que a situação “não está clara em lugar nenhum, está muito informal”.

O governo do Estado publicou decreto no sábado (17) no qual determinou estado de emergência em saúde animal por 60 dias no raio de 10 quilômetros da granja em Montenegro, onde foi identificado foco de gripe aviária. Neste raio, existem 540 propriedades rurais, todas com necessidade de vistoria. As mais próximas, dentro do município, já foram fiscalizadas.

O município de Montenegro agora investiga também um funcionário, que manipulava animais na granja comercial com gripe aviária confirmada. Amostras foram coletadas do homem, que está com sintomas de gripe. Ao total, eram três pessoas trabalhando diretamente com os animais no local.

“Estamos abertos ao diálogo com o governo e stamos tentando o diálogo. Mas estamos com um pouco de dificuldade”, diz Giuliano Suzin.

Já a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS (Seapi), responsável pela gestão dos fiscais agropecuários, afirma que governo do Estado sempre esteve e está aberto ao diálogo. “Já recebeu diversas vezes a Afagro e na última quinta-feira (15), durante agendas na Fenasul Expoleite, representantes da entidade foram recebidos pelo secretário Edivilson Brum, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio”.

A Secretaria também diz que acompanha as vacâncias e tem feito um levantamento junto aos Departamentos para a construção de uma alternativa e um possível pedido de abertura de novas vagas de fiscais agropecuários para o Estado.


Leia também