
A Associação dos Delegados de Polícia do RS (ASDEP-RS), por meio de seu presidente, Guilherme Yates Wondracek, criticou o governador Eduardo Leite na condução da crise dos feminicídios do Rio Grande do Sul. Em nota publicada no sábado, (3), Wondracek chamou a gestão do caso de “caça às bruxas” ao invés de combater as “verdadeiras causas” do problema.
Na sexta (2), o delegado Fernando Sodré, Chefe da Polícia Civil do RS, visitou a 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) no Palácio da Polícia. Além de anunciar aumento no efetivo de plantonistas, Sodré foi cobrar, em especial, as delegadas Cristiane Ramos, diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam), e Carolina Funchal Terres, chefe do plantão do 1ª Deam, em reunião. O assunto era o vazamento do dado de que, entre fevereiro e abril deste ano, 307 mulheres desistiram de registrar Boletim de Ocorrência na Deam por conta da demora.
Entre as informações vazadas, estava o relato que, em um domingo no final de abril, a 1ª Deam passou um turno com apenas dois funcionários no plantão. A Polícia Civil fez um remanejo do quadro de funcionários para combater a escassez de plantonistas. A meta é ter seis pessoas por turno no atendimento das Delegacias Especializadas. O ideal seriam oito atendentes, segundo informações das delegadas da Deam. Fernando Sodré comunicou que irá abrir edital para policiais aposentados e checará a possibilidade de policiais voluntários atuarem nas delegacias.
Para Wondracek, as “verdadeiras causas” são a “quantidade insuficiente de delegacias especializadas no atendimento da mulher e de policiais em número adequado para atender à demanda das Deams”. O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do RS também apontou como problema as “deficiências na legislação vigente e nos meios disponibilizados para o acolhimento das vítimas potenciais de futuros feminicídios”.
Entre as medidas mais imediatas, foi anunciada a troca no comando no Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), que coordena as delegacias de atendimento à mulher no Rio Grande do Sul, a partir de hoje, (5). A delegada Tatiana Bastos substituiu o delegado Christian Nedel, que ocupava o cargo desde o começo de 2023. O DPGV comanda 23 Delegacias Especializadas do Estado.
A crise na segurança pública se intensificou em abril, quando 12 mulheres foram mortas ao longo dos quatro dias do feriado de Páscoa, sendo seis em 24 horas. Até o dia 23 de abril, 31 feminicídios foram registrados no Rio Grande do Sul desde o início de 2025.