Opinião
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22 de janeiro de 2025
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18:23

Última lição (por Ana Ávila)

Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: Joana Berwanger/Sul21

Ana Ávila (*)

Desde que o Marco Weissheimer nos deixou, na tarde do último sábado (18), depoimentos bonitos sobre a sua trajetória de vida surgem a cada atualização das redes, em cada conversa com um velho conhecido, em cada uma das mensagens de quem se solidariza conosco, colegas e amigos do Sul21. 

Políticos, lideranças sindicais e dos movimentos sociais, jornalistas de diferentes gerações: parece não haver quem tenha cruzado com Marco pelo caminho sem ter sido impactado por suas palavras serenas e certeiras, sua conversa franca, seu olhar atento e humor sagaz. 

Marco colecionava amigos e admiradores por onde passava, podia ser na filosofia, no jornalismo, na defesa dos animais ou no yoga.

Nos relatos dos colegas, se repete o quanto cada um aprendeu com ele. Um cara discreto, de voz mansa e ouvidos atentos, que longe de nos apequenar com seu conhecimento, experiência e olhar apurado pra vida e pras muitas pautas que tocamos juntos, se engrandecia pelo exemplo. 

Não há quem tenha passado pela redação do Sul21 nesses 15 anos que se aproximam que não tenha uma boa história com o Marco pra contar. Há causos curiosos, emocionantes e engraçados. 

Entre idas e vindas, Marco enfrentava um melanoma desde 2012, que se gravou em 2024.

Ao longo dos últimos meses, eu me perguntei várias vezes se ele se sentia solitário. Quem permanece ao nosso lado quando a dor é constante, quando não somos mais uma companhia frequente nas ruas, nos jantares, nos bares, quando precisamos nos afastar das rotinas prazerosas, das causas pelas quais lutamos?

Quando Marco precisou ser hospitalizado, há pouco mais de um mês, eu comecei a entender que nunca, por um mísero instante, ele esteve só. A rede de amigos que o Marco teceu ao longo da jornada e o embalou, cuidou e amparou até o fim é uma das coisas mais bonitas que já vi. Eles se revezaram incansavelmente ao seu lado, elaboraram uma agenda de visitas que priorizava seu bem estar, alimentaram seu corpo e espírito. Ofertaram amor em forma de conversas, mantras, beijos e abraços. Estiveram atentos a qualquer detalhe que o fizesse se sentir melhor. Na segunda (20), ele completaria 61 anos, e a sua vida foi celebrada por esses amigos com a alegria de quem sabe que teve no seu círculo mais íntimo alguém tão especial.

Abaixo alguns registros da jornada do Marco no Sul21.

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: Sul21
Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: GIovana Fleck/Sul21

(*) Editora do Sul21

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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