
O presidente Lula confirmou nesta terça-feira (21) a indicação do embaixador André Aranha Corrêa do Lago, atual secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, para a presidência da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro.
André Corrêa do Lago é bacharel em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981) e entrou na carreira diplomática em 1982. Exerceu funções nas áreas de organismos internacionais, promoção comercial, cerimonial e energia. Além disso, serviu nas embaixadas em Madri, Praga, Washington e Buenos Aires e na Missão junto à União Europeia, em Bruxelas.
“É uma honra imensa e acredito que o Brasil pode ter um papel incrível nessa COP. Agradeço também o resto do governo, porque a COP a gente vai ter que construir todos juntos. Além do governo, com a sociedade civil, o empresariado, todos os atores que são essenciais na primeira formação do que o Brasil quer desta COP. Vamos juntos conseguir fazer uma COP que será lembrada com entusiasmo”, afirmou André Corrêa do Lago.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores pontuou que “a designação do Embaixador Corrêa do Lago, experiente negociador do regime de clima, reflete o compromisso do Brasil com a agenda global de desenvolvimento sustentável e reforça a liderança do país nas negociações climáticas internacionais”.
Além de Lago, também foi nomeada a diretora executiva da COP30, cargo que será ocupado pela atual secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni. “O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério de Relações Exteriores ocupam essas duas posições que são fundamentais e estratégicas na parte de conteúdo, negociação e liderança de todo o processo da COP”, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A COP30 é um encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima. É considerado um dos principais eventos do tema no mundo. De acordo com o governo, os principais desafios da COP30 incluem alinhar compromissos de países desenvolvidos e em desenvolvimento em relação ao financiamento climático, garantir que as metas de redução de emissões sejam compatíveis com a ciência climática e lidar com os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas em populações vulneráveis.
As indicações do comando do evento foram confirmadas após reunião no Palácio do Planalto entre o presidente Lula e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Marina Silva, Sidônio Palmeira (Secom), Maria Laura da Rocha (substituta do Ministério das Relações Exteriores), além de Miriam Belchior (secretária-executiva da Casa Civil) e Celso Amorim (assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República).
Em nota divulgada após o anúncio, o Observatório do Clima saudou as indicações. “Dificilmente haveria uma dupla com mais estatura para desempenhar a missão. Corrêa do Lago, diplomata experiente com profundo conhecimento das negociações multilaterais de clima, tem diante de si uma agenda desafiadora, num momento em que o aquecimento da Terra ultrapassa o limite do Acordo de Paris ao mesmo tempo em que a geopolítica se volta contra a ação climática e contra a cooperação internacional”, diz a nota.
O Observatório ainda pontuou que a COP30 precisa provar ao mundo que eventos multilaterais ainda são importantes para lidar com os desafios do clima. “Precisa acelerar a implementação do Acordo de Paris, em especial das provisões de seu primeiro Balanço Global, que determinou que a humanidade precisa começar nesta década o processo de eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Precisa garantir que as metas nacionais dos países (NDCs) para 2035 sejam alinhadas com o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 1,5oC, o que nenhuma NDC proposta até agora faz. Precisa encerrar negociações importantes, em especial a do Objetivo Global de Adaptação. E precisa indicar como serão mobilizadas as centenas de bilhões de dólares por ano para o combate à crise do clima nos países em desenvolvimento”, diz a nota.
A diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, também saudou a indicação de Lago para a presidência da COP30. “Após uma série de presidências da COP alinhadas a empresas de petróleo e gás, a exemplo da última Conferência, ocorrida no Azerbaijão, recebemos com bons olhos a nomeação do Embaixador André Corrêa do Lago como Presidente da COP30. Com ampla experiência em diplomacia climática, o embaixador possui o conhecimento e as capacidades necessárias para mediar as negociações entre os mais de 190 países. Corrêa do Lago terá uma grande responsabilidade pela frente: em um mundo polarizado, com os Estados Unidos – o segundo maior emissor do mundo de gases do efeito estufa – deixando o Acordo de Paris, enquanto vemos os eventos extremos se intensificarem, será necessária muita habilidade para que avanços cruciais aconteçam”, disse.
A nomeação de Lago foi celebrada pelo Instituto Clima e Sociedade. “Acreditamos que, com a excelência que a diplomacia brasileira transita no contexto global, iremos, todos, vencer os desafios de alinhar os compromissos de países desenvolvidos e em desenvolvimento em relação ao financiamento climático, garantir que as metas de redução de emissões sejam compatíveis com a ciência climática e lidar com os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas em populações vulneráveis”, disse a entidade, em nota. “No âmbito nacional, também confiamos na habilidade de articulação do presidente para superar os desafios da agenda em áreas como energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono, e apresentar ao mundo resultados inspiradores durante a COP30”, complementou.
A indicação ainda foi saudada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que representa o segmento empresarial. “O repertório em negociações climáticas do embaixador André Corrêa do Lago, e sua capacidade de articular interesses diversos são habilidades essenciais para não só facilitar as negociações durante a Conferência das Partes da ONU no Brasil, como para posicionar o nosso país como protagonista na agenda global. Ao longo dos anos, a atuação do presidente da COP 30 tem sido fundamental para engajar empresas de diversos setores, ampliando a participação do setor privado nas discussões sobre mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável”, afirmou Marina Grossi, presidente da entidade.