
Uma recente descoberta no sul do Brasil está lançando luz sobre um capítulo importante da evolução dos mamíferos. A pesquisa, realizada em colaboração entre cientistas brasileiros e britânicos, revelou detalhes anatômicos de fósseis encontrados no interior do Rio Grande do Sul, datados de antes da separação evolutiva entre os mamíferos e outros grupos, como répteis e dinossauros. O trabalho foi publicado na revista científica britânica Nature.
O estudo investigou duas espécies: Brasilodon quadrangularis e Riograndia guaibensis. Antes, acreditava-se que a evolução dos mamíferos seguia um único e linear caminho. Conforme o coautor do estudo, o paleontólogo e professor do Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFRGS (PPGGeo/UFRGS) Cesar Leandro Schultz, essas novas evidências ajudam a compreender o desenvolvimento da mandíbula e do ouvido médio dos mamíferos.
O docente explica que a descoberta revela a transição entre os animais que ainda possuíam várias peças ósseas na mandíbula e os que desenvolveram uma estrutura única, liberando outros ossos para a formação do ouvido. “Esses fósseis mostraram que havia várias espécies experimentando características similares, mas em linhas evolutivas diferentes. Isso revela que o processo de evolução foi muito mais dinâmico e diversificado do que se pensava”, diz Schultz.
Os Brasilodon quadrangularis mediam cerca de 20 centímetros de comprimento e pesavam pouco mais de 15 gramas. Tinham hábitos noturnos, caçavam insetos e pequenos répteis e viviam em pequenas tocas com seus filhotes, até que eles se tornassem adultos. Já os Riograndia guaibensis possuíam um comprimento de aproximadamente 15 centímetros e 30 gramas de peso, se alimentavam de insetos e eram próximos à condição mamaliana.