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8 de novembro de 2024
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18:10

Nova estação de monitoramento hidrometeorológico é instalada no Cais Mauá

Por
Sul 21
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A unidade vai permitir a continuidade da medição dos níveis do lago Guaíba e das precipitações na região. Foto: Ascom Sema
A unidade vai permitir a continuidade da medição dos níveis do lago Guaíba e das precipitações na região. Foto: Ascom Sema

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) instalou, nesta sexta-feira (8), a estação Cais Mauá C6, em Porto Alegre, marcando um avanço na recuperação do sistema de monitoramento hidrometeorológico do Rio Grande do Sul. A nova estação vai permitir a continuidade do acompanhamento de dados históricos ao monitorar, especialmente, o nível das águas do rio Guaíba e as precipitações atmosféricas na região.

Danificada pela enchente de maio de 2024, a estação Cais Mauá C6 retoma as operações no local original após um período de monitoramento emergencial com uma unidade instalada na Usina do Gasômetro, que seguirá ativa, sendo operada pelo Serviço Geológico Brasileiro.

A titular da Sema, Marjorie Kauffmann, destacou os avanços no projeto de modernização do sistema de monitoramento. “Essa estação é de referência histórica para os níveis do Guaíba e é um primeiro ponto de recuperação da rede básica. Vamos revisitar toda a nossa rede, fortalecendo o sistema de monitoramento”, ressaltou Marjorie.

A estação proporcionará dados essenciais para instituições como a Agência Nacional de Águas, que armazena os dados no seu sistema, a Defesa Civil estadual, o Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento da Sema (DRHS) e outros órgãos responsáveis pela gestão de recursos hídricos e pela prevenção de desastres naturais.

Conforme explica o diretor do DRHS, Carlos José da Silveira, essas estações de monitoramento hidrometeorológico por telemetria são uma das principais fontes de dados para a emissão de avisos e alertas hidrológicos. “Elas permitem a calibração e o processamento de modelos computacionais que estimam as condições hidrológicas”, detalhou.

Em setembro, a Sema firmou contrato com a empresa Água e Sol, responsável pelos reparos em 12 estações prioritárias. O valor do contrato é de R$ 1,2 milhão, e os serviços de recuperação e manutenção das unidades de monitoramento serão realizados ao longo de 16 meses. A estação Cais Mauá C6 é a primeira a ser restaurada dentro do cronograma.

Além das 12 estações prioritárias, a Sema está realizando um diagnóstico completo de todas as estações de monitoramento sob sua responsabilidade. O levantamento, que deve ser concluído até o final de novembro, visa avaliar as condições gerais da infraestrutura e traçar um plano de ação para garantir que as unidades estejam em pleno funcionamento e adequadas aos desafios climáticos do futuro.

A previsão é instalar mais três estações até o final de novembro. As demais devem ser implantadas entre dezembro e janeiro. Os trabalhos estão inseridos nos Projetos Estruturantes do Plano Rio Grande, integrando o programa de reconstrução, adaptação e resiliência climática do Rio Grande do Sul.

Uma reportagem de maio da Agência Pública mostrou que a maioria das estações do governo que enviam dados de chuva em tempo real não funcionava. No leste do Rio Grande do Sul – onde estão as regiões mais afetadas pelas enchentes que devastaram o estado –, a Sema tem 94 estações que medem a chuva e enviam os dados em tempo real, a chamada telemetria. Contudo, dessas 94, só 60 estão disponíveis no portal da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Destas, 48, ou seja, a maioria, não estão transmitindo os dados como deveriam fazer.

A denúncia, obtida pela Agência Pública com exclusividade, é do professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPF) Fernando Meirelles. Ele foi diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Sema de 2015 a 2018. “A maioria das estações tem dados defasados, porque pararam de funcionar”, afirmou.

Das 60 estações presentes na plataforma, 27 estão na Região Hidrográfica do Guaíba, onde mora a maior parte da população gaúcha e que inclui os rios Jacuí, Caí, Gravataí, Sinos e Taquari. Outras 18 estão na laguna dos Patos e 15, na lagoa Mirim.

Segundo a Pública apurou, a manutenção das estações foi interrompida no ano passado. “Apenas duas pessoas estavam trabalhando para os equipamentos funcionarem. Como um técnico está de licença-saúde desde novembro passado e o outro não tem como fazer esse serviço sozinho, o colega está no momento atuando nos atendimentos de emergência”, pontua o presidente da Associação dos Servidores da Sema, Pablo Pereira. Essa situação é comprovada pelas datas em que as estações pararam de trabalhar.


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