
O Brasil registrou, em 2022, uma transformação significativa nas estruturas familiares, segundo dados do “Censo Demográfico 2022: Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo”, divulgado nesta sexta-feira (25). O estudo mostrou que, entre 2022 e 2010 — quando o último Censo foi realizado –, houve a ascensão das mulheres como “chefes” de família e um crescimento exponencial na diversidade étnica dos responsáveis por unidades domiciliares. Além disso, foram disponibilizados dados acerca dos impactos do envelhecimento populacional e dos padrões de mortalidade no País.
De acordo com a pesquisa, dos 72,5 milhões de conjuntos de pessoas que viviam no mesmo domicílio particular, 49,1% tinham mulheres como matriarcas, uma mudança em relação a 2010, quando a maioria era administrada por homens (61,3%). Esse crescimento ficou mais evidente no Nordeste, principalmente em estados como Pernambuco (53,9%) e Maranhão (53%), enquanto Rondônia e Santa Catarina apresentaram os menores índices, com pouco mais de 44%.

Adicionalmente, a constituição das famílias também passou por mudanças. Entre 2010 e 2022, a presença de casais com filhos diminuiu de 41,3% para 30,7%, enquanto a de casais sem filhos subiu para 20,2%. No entanto, 3,9% dos domicílios incluíam netos, em muitos casos sob a responsabilidade dos avós.
Os domicílios unipessoais cresceram de 12,2% para 18,9%, refletindo o aumento de pessoas morando sozinhas, especialmente entre mulheres idosas. Consequentemente, o número médio de moradores por unidade doméstica caiu de 3,3 para 2,8 pessoas. Ainda, conforme os dados, 72,3% das unidades tinham até três moradores, e 28,7% contavam com apenas dois.
As maiores proporções de unidades domésticas unipessoais se localizam no Rio de Janeiro (23,4%), Rio Grande do Sul (22,3%) e Espírito Santo (20,6%), enquanto os menores percentuais foram observados no Amapá (12,0%), Amazonas (13,0%) e Pará (13,5%).

Outra novidade foi o crescimento expressivo de domicílios coordenados por casais do mesmo sexo, que passaram de 0,1% para 0,54%, com destaque para o Distrito Federal e estados como Rio de Janeiro e São Paulo. Já em relação à composição étnica dos responsáveis por domicílios, pela primeira vez, pessoas pardas ultrapassaram brancas, alcançando 43,8%. Neste mesmo sentido, houve um crescimento no índice de pessoas negras e indígenas, especialmente em estados como Roraima e Bahia. A proporção de pessoas pretas subiu de 9,0% para 11,7% e a de indígenas variou de 0,4%para 0,5%
Em termos de mortalidade, o período evidenciou sobremortalidade masculina, especialmente entre jovens de 20 a 24 anos, onde a proporção de mortes masculinas para femininas foi de aproximadamente 3,7 vezes. A maior sobremortalidade entre homens foi registrada em Tocantins, e fatores como violência e acidentes foram determinantes nesse índice, especialmente nos estados do Nordeste e Norte.