
Andar de balanço é voltar a ser criança. Isso é o que diz Almerinda Silva de Lima, presidente da Associação dos Moradores da Chácara do Banco, na Restinga, zona sul de Porto Alegre. Ouvimos, dentro da roda de conversa com mulheres da região, que existem muitas Restingas dentro de uma só. O local onde estamos é distante do “centro” do bairro e acumula problemáticas como falta de ônibus para ir ao Centro (da cidade), falta de creches para deixar os filhos, falta de profissionais nos postos de saúde. A lotação que fazia o trajeto centro-bairro foi reduzida a dois horários por dia. Falta muita coisa.
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Almerinda instalou uma pracinha no fundo da associação para suprir a falta de locais de lazer para as crianças, que era uma das demandas que estavam sob seu controle. Ao final da tarde, o espaço se enche de crianças, pais, mães e outros moradores do entorno. Lá também é um ponto de encontro da comunidade. Ela fala que não há como melhorar a qualidade de vida da Restinga se não for pela participação coletiva.
Ao lado da associação de moradores funciona o posto de saúde Chácara do Banco, que conta com profissionais especialistas em Estratégia da Saúde e da Comunidade. Isto é, médicos, dentistas e enfermeiros responsáveis pelo acompanhamento contínuo de uma comunidade. De novo na roda de conversa, ouvimos sobre a necessidade de facilitar o acesso aos profissionais de saúde mental, como psicólogos. Embora esta demanda esteja encaminhada, Almerinda reclama que faltam profissionais para acolher casos de ansiedade e depressão, por exemplo.
Na tarde em que estivemos lá, a fumaça das queimadas encobria o céu e tornava o ar difícil de respirar. A atmosfera carregada não impedia crianças de brincarem na rua e jogarem pique esconde e pega-pega. A reportagem foi chamada para participar, mas não deu conta. Muito rápidos, os meninos pareciam nem perceber o ar poluído sob suas cabeças.
Confira um ensaio sobre o bairro:






