
Ao subir quatro paradas da estrada João de Oliveira Remião, é possível vislumbrar a fachada da ocupação Terra à Vista, onde moram 103 famílias assentadas. Um portão de madeira se abre aos visitantes. Rafael Cabral surge com um chapéu branco e um sorriso. Ele mora no assentamento há cerca de um ano. Antes, Rafael pagava aluguel na comunidade da Quinta do Portal, também localizada no bairro Lomba do Pinheiro. Ele veio ocupar esta terra por causa das condições de moradia: “aqui não pago aluguel, não tem risco de desabamento ou de inundação”.
Como ele, os outros moradores da ocupação, que também funciona como uma cooperativa, deixaram suas antigas casas em busca de um local em que possam viver de forma digna. A mãe de Rafael mora na casa da frente. Na fachada das moradias, roupas estão estendidas no varal para aproveitar o sol que, depois de semanas, rompe a nuvem de fumaça. As árvores, bem mais comuns na Lomba do que em outras partes da cidade, também se fazem presentes na ocupação. Lá, o ar parece mais respirável.
É uma terça-feira, duas da tarde, e os ruídos que chegam são distantes. Converso com um colega jornalista em busca de mais informações sobre o bairro e ele me alerta que a Lomba é muito grande e que, para percorrê-lo, o carro é necessário. São cerca de 10 quilômetros, em linha reta, do primeiro ao último ponto da estrada que corta a Lomba. É como um rio em que as ruas laterais são os afluentes. Os moradores se organizam por paradas quando contam onde moram.
A Terra à Vista tem também muitas crianças, que correm, jogam bola e brincam pelas ruas de areia. Bruno tem 9 anos e sua disciplina favorita da escola é Matemática. Depois do colégio, ele cuida de seu irmão menor, Gael, que tem um ano, e brinca com as outras crianças da ocupação. Sua mãe, Thielle, conta que gosta de morar na cooperativa, da facilidade para chegara a estabelecimentos como farmácia e mercado.
Distante de 10 a 20 quilômetros do centro, a depender de onde se está localizado no bairro, a Lomba parece uma outra cidade dentro de Porto Alegre. Uma cidade caminhável, no conceito frequentemente mencionado em discussões sobre urbanismo, não fosse pela falta de serviços ainda muito básicos.
Confira um ensaio sobre o bairro:







