A empresa BVK Obras e Saneamentos, contratada pela Prefeitura de Porto Alegre para manutenção da malha viária do município, é responsável pelo apagamento da pintura em protesto contra o prefeito Sebastião Melo (MDB) no muro da Praça Argentina, Centro Histórico da Capital. A obra do grafiteiro Filipe Harp, inspirada na ilustração do artista Bruno Ortiz Monllor, retratava o gestor se afogando na água da enchente que atingiu a cidade, catástrofe que moradores e entidades consideram ter sido agravada pela omissão da Prefeitura.
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Fotos de homens realizando a pintura do muro e apagando a obra, identificados com uniforme da BVK, foram enviadas por um leitor do Sul21 à reportagem. As imagens mostram ainda um carro da empresa em que é possível ler “A serviço da Secretaria de Serviços Urbanos – Prefeitura de Porto Alegre”. O registro foi feito por volta das 9h do dia 31 de julho. A tinta cobriu apenas o local onde se encontrava o grafitti em referência a Melo.
A BVK informou em nota que não presta serviços de pintura junto ao município de Porto Alegre, e não explicou o contexto das imagens que mostram trabalhadores da empresa pintando o muro.
A empresa foi contratada, por dispensa de licitação, em janeiro deste ano. O objeto do contrato, conforme consta no Diário Oficial do município, é a “prestação de serviços contínuos, através de cessão de mão de obra, na manutenção preventiva e corretiva da malha viária do município para a Divisão de Conservação de Vias da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos”. O contrato tem o valor de R$ 1,85 milhão e validade de 85 dias, com prorrogações sucessivas limitadas a 1545 dias.
Até o fechamento desta matéria, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSURB) não retornou à reportagem quando questionada se ordenou o serviço de pintura do muro. O espaço segue aberto.
Inicialmente, a SMSURB havia informado que a Praça Argentina, onde fica o muro, é adotada pela Santa Casa. “Não respondemos por estes serviços”, dizia a nota enviada ao Sul21. O hospital, por sua vez, afirmou: “Não foi a Santa Casa quem pintou o referido espaço, em nenhuma das ocasiões”.
O grafiteiro Filipe Harp realizou a pintura-protesto em junho deste ano. Em 31 de julho, a pintura já havia sido coberta. No dia seguinte, a frase “Melo chinelão” apareceu pichada no mesmo muro. A pichação também foi apagada mas, no início da semana passada, a frase “Da memória ninguém apaga” foi escrita no mesmo local.
A última frase continua no local nesta segunda-feira (12).
Não se sabe se a BVK também é responsável pelo apagamento das pichações subsequentes à pintura que retratava Melo.
