
Coordenado por Manuela d’Ávila, com a colaboração do deputado Matheus Gomes, as candidatas à prefeita e vice de Porto Alegre, Maria do Rosário e Tamyres Filgueira, lançaram neste sábado (10), o Conselho Político Suprapartidário, reunindo representantes dos mais diversos setores da sociedade, sem a necessidade de vinculação partidária. O coletivo vai trabalhar a partir dos eixos da justiça social, economia para a crise climática e a territorialidade, com o envolvimento de representantes das diferentes regiões da cidade, para pensar e planejar o modelo de cidade a ser proposto pela chapa.
“[Maria do Rosário] conseguiu construir uma grande coligação que começou com uma frente com os partidos de esquerda, inédito no primeiro turno, e que se ampliou esta semana para que nós resgatássemos a relação com o PSB, com o Partido Socialista Brasileiro”, disse Manuela d’ávila, destacando que as reuniões do grupo serão quinzenais e que os conselheiros representam a diversidade da cidade, a identidade de Porto Alegre.
O deputado estadual Matheus Gomes apresentou os três eixos que serão trabalhados pelo conselho, destacando que o ambiente suprapartidário será de debate e construção. “A gente vê aqui presidentes, parlamentares, militantes, de partidos políticos, mas nós também queremos ter um ambiente que extrapole essa fronteira, então que seja um espaço aberto às contribuições da sociedade civil, de integrantes, de coletivos, movimentos sociais, agentes culturais, membros da universidade, da intelectualidade de Porto Alegre”, afirmou.
O ex-governador Olívio Dutra, que também faz parte do conselho, destacou que o grupo irá “afiar as ferramentas para o bom debate e reavivar a chama, empenharmos em falar com as pessoas nesta cidade”. “Temos que instigar as pessoas a pensar e não em apenas uma conversa. O conselho servirá para a troca de experiências que todos nós temos, mas com isso nós devemos e queremos cotejar com as prioridades do povo. Então toda vez que eu puder estar aqui quero estar com vocês, aprendendo e falando dos limites das nossas experiências. Nenhuma experiência nossa pode ser dita como absoluta. Nós temos que trabalhar para alterar a conjuntura e lutar contra o neofascismo. Nas ideias, na defesa da democracia”, disse Olívio.
O também ex-prefeito José Fortunati disse acreditar na possibilidade de Porto Alegre voltar a ser um modelo de democracia. “Eu tenho um lado, que mostra claramente para onde eu quero ir e a Porto Alegre que queremos retomar. Nós temos a obrigação de levar a campanha para todos os recantos desta cidade, focar em um programa de governo que dialogue com a cidade e que de forma concreta vamos reconstruir a cidade com essas duas guerreias”, disse.
O escritor José Falero, nascido e criado na Lomba do Pinheiro, falou da necessidade do Conselho se debruçar na elaboração de políticas públicas efetivas para as comunidades. “Ano passado eu recebi a distinção de cidadão emérito de Porto Alegre e fiquei muito feliz, muito honrado, mas paradoxalmente quando eu fui para casa de ônibus carregando o diploma, eu cheguei lá e não tinha água. Fiquei pensando: cidadão não tem mérito e não tem nem água, né!? Como exercer plenamente a cidadania convivendo com um problema recorrente no bairro onde eu moro, que é a Lomba do Pinheiro, que passa às vezes 10, 20 dias sem água?”, questionou.
Pré-candidata a vice-prefeita, Tamyres lembrou em sua fala do início da sua trajetória militante e política, dos desafios e da educação antirracista como agente transformador das realidades. “O pertencimento é muito importante quando a gente fala de território. Eu quando mudei de escola, soube que Porto Alegre é a cidade que mais possui Quilombos Urbanos, e se eu soubesse isso enquanto criança, certamente eu teria uma infância diferente. A gente precisa que Porto Alegre tenha uma mudança radical, e isso só vai acontecer se for com o povo, ou não será. O povo precisa estar junto e decidindo”, afirmou.
Já a pré-candidata à prefeita de Porto Alegre, Maria do Rosário finalizou o encontro afirmando que a caminhada diz respeito ao povo, a reconstrução de uma cidade melhor para a sua gente. “Nós somos coerentes com a democracia, sempre, a Porto Alegre que já foi referência da democracia, inclusão e que precisa criar novas. A nossa marca não pode ser a do descaso, negligencia e do abandono das águas entrando”, disse. “Esta cidade não ficará marcada pela enchente, porque a marca que nós vamos instituir é a da superação, do respeito e amor pelas pessoas. Este conselho tem um papel muito importante, que é oferecer o melhor de nós, e integrar no nosso conceito de cidade os eixos apresentados, reafirmando a responsabilidade do poder público, dando voz as comunidades, reestruturando o princípio do público”.