Meio Ambiente
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4 de junho de 2024
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11:54

Estudo conclui que mudança climática tornou chuvas históricas no RS duas vezes mais prováveis

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Foto: Isabelle Rieger/Sul21

A junção dos efeitos da mudança do clima com a ocorrência do fenômeno El Niño tornou mais provável a ocorrência de eventos extremos como as chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio. Um novo estudo de atribuição, divulgado nesta segunda-feira (3) pelo grupo World Weather Attribution (WWA), concluiu que a crise climática aumentou em mais de duas vezes a probabilidade de ocorrência de chuvas extremas no estado, além de torná-las de 6% a 9% mais intensas.

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O estudo avaliou dois períodos de chuvas intensas: um mais longo, de dez dias, entre 26 de abril e 5 de maio; e um mais curto, de quatro dias, de 29 de abril a 2 de maio. Nos dois cenários, os efeitos das mudanças climáticas e do El Niño contribuíram para aumentar a intensidade e a frequência de fenômenos extremos do tipo no Sul do Brasil.

O impacto isolado do El Niño também foi analisado. Segundo o estudo, o fenômeno fez com que chuvas como as que caíram no mês passado no RS ficassem de duas a três vezes mais prováveis, ampliando sua intensidade de 4% a 8%, no caso dos eventos de longa duração, e de 3% a 10%, nos de curta duração.

“Essas conclusões são corroboradas quando se olha para um clima de 2ºC de aquecimento global desde o período pré-industrial, onde encontramos um aumento adicional na probabilidade de um fator de 1,3-2,7 e um aumento na intensidade de cerca de 4% em comparação com os dias atuais”, destacou o estudo.

A análise também enfatizou o impacto das falhas na prevenção e no monitoramento da crise, especialmente nas áreas urbanas, que contribuíram para potencializar os impactos do desastre. Um dos problemas citados é a redução dos investimentos em obras preventivas e na manutenção dos sistemas de controle de inundação em Porto Alegre.

O dimensionamento do desastre fica ainda mais evidente quando se analisa os dados sobre o volume das chuvas do último mês. De acordo com a MetSul, a precipitação acumulada entre 27 de abril e 31 de maio, em várias cidades gaúchas, atingiu níveis altos e sem precedentes, com algumas estações registrando mais de 1 mil milímetros.

Em Santa Maria, por exemplo, a precipitação acumulada nesse período foi de 782,3 mm, com cerca de 617 mm registrados somente em maio. A média histórica das chuvas no município para o mês é de 136,6 mm, índice que foi batido em algumas leituras diárias nas últimas semanas, com registros de até 213 mm em apenas 24 horas.

Já em Caxias do Sul, o acumulado das chuvas desde o final de abril foi de mais de 1.023 mm, com cerca de 845 mm registrados em maio. O total para o último mês é mais de seis vezes superior à média histórica (131,4 mm), o que ajuda a compreender a magnitude recorde das cheias nos rios Taquari e Caí.


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